O que se passa?
Pedro Azevedo
De repente, Miguel Luís e Jovane Cabral desaparecem da equipa. Os Sub23 nunca mais foram a jogo, mesmo quando, por exemplo, faltam um defesa central ou um ponta-de-lança de raiz, o que é um sinal muito pouco encorajador e/ou estimulante para os jogadores e coloca em causa o objectivo destes projectos de Sub23 e/ou equipas B. Francisco Geraldes ainda não se estreou. O auspicioso futebol de Keizer tornou-se aborrecido e previsível. O treinador parece ter sucumbido à tentação de se adaptar ao futebol português. Os movimentos de aproximação à bola característicos do primeiro período de Keizer estão em desuso, eventualmente por se sentir o cansaço de um conjunto de jogadores que nunca descansam. Com isso, desapareceu o carrossel mágico que nos entusiasmava e começamos os jogos a dar avanço ao adversário. A equipa actualmente joga em esforço. As contratações parecem ter o mesmo (não) sentido de sempre: vem Ilori, quando temos os mais jovens Domingos Duarte e Ivanildo a rodarem noutras equipas, chega um jogador sem qualquer experiência na Europa e prestes a perfazer 26 anos (Borja) e vai embora um jovem com mais internacionalizações (Lumor), apenas 22 anos e há 4 anos a jogar no continente europeu. Enfim, parece acumulação de stocks e ausência de coragem para operar a revolução de que o clube necessita. Acuña não jogou em Setúbal e parece na porta de saída. Como é que se pretende ganhar campeonatos cedendo jogadores que aliam raça, brio, boa técnica e que fazem da regularidade, empenho e comprometimento com a equipa as suas principais armas?
O que está na origem da mudança de paradigma do treinador holandês? Qual é a sua autonomia? Quem são as suas influências em Alvalade? Quem é que lhe dá informações sobre os clubes portugueses? É Rodolfo Correia, treinador adjunto, que estava na Arábia Saudita? É Nélson, que tem a função específica de treinador de guarda-redes? Qual a razão para não dar rotatividade à equipa? Não confia na maioria dos jogadores? Faz sentido pagarmos a 25 e só contarem 15? Se não servem nem para uma emergência, que sentido faz ter planteis completos de Sub23? Até quando vai o Sporting conseguir sobreviver com este tipo de políticas? Qual a opinião dos dirigentes leoninos sobre arbitragens como as que assistimos ontem? Estamos reféns das nossas palavras? Estas e outras perguntas permanecem sem resposta no universo leonino. E é pena. Essencialmente, porque tivemos um Outono de esperança, mas parece que voltámos ao ponto de partida. Ainda assim, com uma saborosa vitória na Taça da Liga pelo meio, convém não esquecer.