Tudo ao molho e fé em Deus
Xeque-mate
Pedro Azevedo
Eu ainda sou do tempo em que ir ao Bessa era mais ou menos como tentar atravessar o Cabo das Tormentas. Como consequência, invariavelmente acabávamos naufragados, excepto naquele ano em que o Sousa Cintra apresentou o "novo Eusébio", o Careca, o jogador com os apodos mais enganadores de que tenho memória, por não ser nenhum Pantera Negra nem sofrer de alopécia. Nessa temporada triunfámos por 3-0, exactamente o mesmo resultado com que os brindámos aqui há uns dias atrás. E com toda a naturalidade do mundo, diga-se, que por defeitos que queiram meter no Ruben Amorim - quem não os tem, eu também os aponto -, a grande verdade é que com ele passou a ser natural o Sporting vencer em qualquer relvado do território nacional. É verdade, e por isso é importante que ninguém se esqueça de tomar o Memofante. A não ser que se queira mudar tudo outra vez, correndo-se o risco de se ficar com umas trombas do tamanho de um elefante. Não, tal não seria prudente, diria até que seria suicidário, pelo que longos anos mantenham o Ruben Amorim, o da Boa Esperança, entre nós. Quem provavelmente não teremos no futuro é o Matheus Nunes, o eleito do Guardiola. Eu tenho pena, e lamento o que vejo escrito por aí. É que o Matheus não é um jogador qualquer, e no Bessa até desbloqueou o marcador. Com classe, tal como contra a Turquia. Infelizmente, o Matheus é um mal amado para uma certa estirpe de adeptos. Mas é um craque. E abriu o activo no Bessa, com classe. Sem ponta de lança, caçámos com o que havia mais à mão. Mobilidade e tal, estão a ver... Não houve Paulinho a servir de pivô nem. tão pouco Slimani à procura da profundidade, mas sem ponta de lança goleámos o Boavista. Um xeque-mate no reduto do xadrez, é bom de ver. Com rei (Amorim) e rock, está claro.
Tenor " Tudo ao molho...": Edwards