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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

28
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

O dia em que o Trincão finalmente trincou


Pedro Azevedo

Em vésperas de uma recepção ao Arsenal, nada como começarmos a ambientar-nos ao ritmo dos ingleses com uma arbitragem digna de terras de Sua Majestade. Como protagonista, Manuel "Butcher" Mota, um talhante que paradoxalmente corta muito pouco, excepção feita a umas entremeadas de bola e jogador que aviou com demasiada frequência. 

 

Ontem em Alvalade fomos anfitriões do Estoril Praia, cuja equipa é uma espécie de misto remendado de antigas reservas do Benfica e do Sporting. Por isso equipa de amarelo, o que pelo sistema de cores de Maxwell resulta da combinação do vermelho com o verde. Na preparação do jogo, o Amorim tomou nota de que o Estoril é o clube da linha, logo sugerindo aos seus jogadores para que a atacar procurassem o jogo interior. Por isso encostou o Edwards e o Trincão às alas, como isco (ou dissuasão), mandando o Bellerin e o Nuno Santos para posições mais de dentro. E resultou, com o espanhol a imitar o compatriota Porro nos movimentos à bolina e a entrar obliquamente à area canarinha. Daí surgiu o nosso primeiro golo, o que para o GAP - Grupo de Amigos do Paulinho - pode ser descrito assim: aproveitando os magnos conhecimentos de geometria euclidiana e as lições de trigonometria apreendidas com mestres como Hisparco de Niceia e Ptolomeu, Paulinho fez inteligentemente a bola tabelar num defensor estorilista para que chegasse na medida certa aos pés de Bellerin. Mais uma prova de associativismo do nosso ponta de lança, ele que já antes, isolado, solicitado por Edwards, havia permitido que Dani Figueira também se associasse ao lance e defendesse. Há "casamentos" assim, e este de Rúben Amorim com o nosso ponta de lança faz lembrar aquela sentença de Oscar Wilde de que o casamento é o triunfo da imaginação sobre a inteligência... 

 

Num jogo que foi de sentido único, com o Sporting sempre a atacar de uma forma equilibrada, com os seus jogadores bem posicionados para a perda da bola e não dando azo a que os estorilistas procurassem uma cava de casino, não se estranhou que os leões chegassem ao segundo golo. Insólito, sim, foi o seu marcador: Trincão. E que golo foi, com o ex-Barcelona a serpentear por entre vários pórticos, que nem um Stenmark ou Girardelli no esqui alpino, até pontapear para o fundo das redes. (A alusão à neve foi para refrescar da primeira visão que tive, que foi o Trincão, que nem fáquir, a caminhar em acelerado sobre as brasas até finalmente vencer o desafio.) Agora é acreditar que a sua forma não Tomba, porque de um Trincão consistente está o Sporting bem precisado. 

 

Uma palavra final para o Chermiti, com um agradecimento por nos mostrar a diferença que existe entre um ponta de lança e um avençado centro, salientando-se aqui que cada recibo verde do Paulinho está caro para burro. E ainda há que acrescentar o IVA, VAT catar!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Trincão

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24
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Ser ou não ser, eis a questão


Pedro Azevedo

Os adoradores de Paulinho tiveram ontem um dia em cheio, ao vê-lo ser finalmente determinante na vitória do Sporting. Para tal bastou apenas um par de minutos, tempo suficiente para os pitões das suas chuteiras efectuarem dois apoios frontais sobre os joanetes de jogadores leoninos. Em consequência, voltou com classe as costas ao jogo. E desceu como nunca no terreno, nomeadamente quando se deparou com os degraus de acesso aos balneários, eram decorridos 38 minutos de jogo. Outro jogador em destaque foi o ponta de lança Coates, que voltou a marcar e assim justificou a titularidade absoluta conferida pelo treinador. Mas no primeiro tempo foi Gonçalo Inácio o melhor em campo, dobrando frequentemente Arthur, o jogador com nome de cavaleiro da távola redonda (Santos soaria a plebeu) que Amorim lançou para contrapor ao príncipe dos dinamarqueses (Isaksen). Como não se fazem Hamlets sem ovos, os nórdicos caíram no segundo tempo, momento ideal para emergir o goleador Pote. O que é natural é o Pote pisar terrenos perto da baliza dos nossos adversários, pelo que o restaurador Olex Amorim devolveu-o à posição de interior. E foi um sucesso, aliás atestado por mais dois golos de Art-Deco, em souplesse. Um craque! Todavia, o Pote e o Coates que se ponham a pau, porque Castigo Máximo soube que o Scouting dos leões ficou muito bem impressionado com o dinamarquês que apontou o nosso quarto golo, capaz de um remate com paradinha (cerebral) que deixou o guarda-redes sem reacção. 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

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21
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um eufemismo em forma de ponta de lança


Pedro Azevedo

A última versão da cartilha leonina, que também a há por cá, é que o Paulinho é um excelente jogador que tem a pouca sorte, vejam só(!), não de não acertar numa baliza a 3 metros de distância mas sim de ser vítima do preconceito de que é um ponta de lança. Logo, seguindo a manada, como é do interesse de quem dirige e sinal de boa obediência, não se pode dizer que o Paulinho é um ponta de lança. Quer dizer, ocupa os terrenos comumente atribuídos a um ponta de lança, os colegas procuram servi-lo como a um ponta de lança, o seu preço de compra reflecte ser um ponta de lança, mas não se pode chamar-lhe tal. Assim sendo, Castigo Máximo vai doravante seguir também a cartilha. Não, o Paulinho não é um ponta de lança. Então, é o quê? - Perguntará legitimamente o Leitor. Bom, a conclusão a que cheguei é que o Paulinho é uma figura, mais concretamente uma figura de estilo. O Paulinho é um Paulinho, sendo "Paulinho" um eufemismo. Um eufemismo para penalty cavado e outras teatralidades, para golos falhados e também para injustiça, que o Chermiti bem poderia nascer 10 vezes e jogar bem, assistir ou marcar de novo a Braga, Rio Ave e Porto que ainda assim teria de ver a sua confiança abalada com um banho de banco. Menos mal, dentro das figuras de estilo, alguém porventura menos bem intencionado até poderia considerá-lo uma metáfora e, indo mais além, a metáfora mais literal de todas as metáforas, sendo o fora de jogo o paradigma da própria metáfora. E como com um presidente militar o balneário até se poderá chamar de caserna, a este arrazoado sobre o status-quo até poderíamos chamar de alegoria da caserna, ou não fosse a cegueira mais do que evidente. Com "s" de seca (de golos), e não "v" de vitória, senão até seria Platão. No fundo, nem podemos levar a mal o Paulinho. A nossa revolta com ele deve-se essencialmente a nos revermos indesejavelmente nele, no seu inconseguimento, na sua furiosa militância anti-corrupção que o faz bramir desaforos e esbracejar indignidades com a mesma espontaneidade ou convicção com que finge agressões ou simula penalidades. No fim do dia, ele é um português, tão somente isso. E, como tal, totalmente inconsequente. Na acção como nas palavras. 

 

Com Ugarte sozinho no miolo para todas as encomendas e Pote ingloriamente fora da posição em que é letal, não se estranhou que depois de uma boa entrada no jogo o Sporting tenha progressivamente abrandado o ritmo. Como a tendência natural do uruguaio perante as vagas constantes de adversários em seu redor é defender-se, encostando-se aos centrais, o nosso meio-campo transforma-se num queijo suiço, o que não ajuda nada o trabalho da nossa defesa. Surpreendidos? Não é preciso ser um Sherlock Holmes, para o compreender, não é verdade? Emmental, meu caro Watson! 

 

Assim andámos durante cerca de uma hora até que Amorim fez entrar o nosso Tsubasa e o Pote pôde finalmente recuperar o seu lugar no relvado. E o mínimo que se pode dizer é que foi tiro (de Pote) e queda (do guarda-redes do Chaves), adiantando-se novamente o Sporting no marcador. Depois veio o terceiro, às três tabelas, com Nuno Santos a fazer de Theriaga e a bola a carambolar uma última vez num flaviense antes de se anichar na rede. Tempo então para Amorim fazer entrar o Chermiti, confirmando a sua aposta na Formação. O valor desta aposta depende de questões contratuais: se um jogador tem um contrato para assinar, então o natural é que jogue 90 minutos; porém, pós-contrato assinado, a cotação da aposta baixa até ao ponto em que 10 minutos cheguem para fazer sobreviver a narrativa. Houve ainda oportunidade de se realizar a enésima substituição de centrais durante um jogo, subindo o elevador de St Juste e descendo o costa-marfinense Diomandé, produzindo-se mais um dos paradoxos deste Sporting versão 22/23. É que já sem o ex-Mafra em campo, estranhamente a equipa deixou correr o marfim. Concomitantemente, o Nuno Santos não fechou ao centro e um espanhol desabrido e em ruptura com a metafísica acerca de um ponta de lança, que ocupa terrenos de ponta de lança, é servido pelos colegas (no caso, o ex-Sportinguista Benny) como um ponta de lança mas não custou o preço habitual de um bom ponta de lança, reduziu para o Chaves. E soou o gongo, para alívio dos nossos. Quinta-feira há mais uma voltinha na montanha-russa. Na Dinamarca, mas pode ser que seja na Noruega (a atender ao que diz a SportTV). FIM

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

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19
Fev23

Sobre a relevância de Matheus


Pedro Azevedo

Há quem ainda tenha dúvidas sobre a forte correlação entre a venda de Matheus Nunes e o desenrolar desta época desportiva. Entre estes seguidores de São Tomé, destaca-se a narrativa de que, com Matheus, o Sporting não foi campeão, que em 20/21 quem jogava era o Palhinha e o João Mário. Procurei entrar no espírito desse "story telling" e fui então ver para crer, consultando as estatísticas. E deparei-me com o seguinte: na temporada de 20/21 o Matheus esteve em 39 jogos, contra os 38 de Palhinha e os 34 de João Mário. Só para o campeonato, o Matheus fez 31 jogos, apenas superado pelo Palhinha (32). O João Mário actuou em 28 jogos. É certo que foi titular menos vezes do que o jogador actualmente em destaque no Benfica, mas a sua entrada recorrente em campo significou sempre um incremento de qualidade para a equipa, ajudando a resolver vários jogos cujo desfecho esteve incerto quase até ao fim. E para o campeonato marcou 3 golos, quase todos decisivos (único golo ao Benfica, que deu a nossa vitória no derby; golo em Braga decisivo, num jogo em que jogámos quase todo o tempo com menos um; segundo golo ao Braga, em Alvalade, que consolidou a nossa vitória), contra 2 do João Mário (ambos de penalty) e 1 do Palhinha. E é isto, sem esquecer que em 21/22 o Matheus foi absoluto titular e fizemos os mesmos 86 pontos do campeonato anterior. 

17
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Ornatos de Ponta de Lança


Pedro Azevedo

"Ouvi dizer que o nosso amor acabouPois eu não tive a noção do seu fimPelo que eu já tenteiEu não vou vê-lo em mimSe eu não tive a noção de ver nascer um homem (Chermiti) (...)

 

(...) (Agora a parte em que entra o Espadinha, desconhece-se se à estalada)

O estádio está desertoE alguém ecoa o teu nome (Paulinho) em toda a parteNas casas, nos carros, no (Leonel) Pontes, nas ruasEm todo o lado essa palavraRepetida ao expoente da loucuraOra amarga, ora docePra nos lembrar que o amor é uma doençaQuando nele julgamos ver a nossa cura" - adaptação livre de "Ouvi Dizer", dos Ornatos Violeta

 

Desde a "Antiguidade Clássica" de Rúben Amorim no Sporting que a nossa equipa se vê grega em inferioridade numérica no meio campo. Primeiro com Matheus e Wendel, depois (época do título) com Palhinha e João Mário (34 jogos) e Matheus (39 jogos) sempre pronto a entrar quando o diesel do agora benfiquista chegava ao fim (o que não acontece agora quando Morita "dá o berro"), na temporada passada com Palhinha e Matheus (e Ugarte como opção). Mas havia Palhinha e/ou Matheus, dois super-heróis com poderes especiais que valiam por três jogadores, pelo que a aritmética desfavorável só era absolutamente nítida quando enfrentávamos outros super-poderes na Europa. Havia risco, sim, mas controlado. Só que agora não há Palhinha. Nem Matheus. Há Ugarte e Morita, que são bons mas humanos, não caíram no caldeirão da poção mágica em pequeninos como o Obelix nem foram banhados no rio sagrado como o Aquiles. Sem Morita, Amorim decidiu desafiar ainda mais os deuses e as probabilidades e deixou o uruguaio sozinho no centro do campo. Muitos vê-lo-ão como uma imprudência, eu tomo-o como uma tentativa de homicídio. Passo a explicar: a esforçar-se desta maneira, se não morrer entretanto, o Ugarte acabará a carreira como um ancião aos 25 anos. E, até lá, não haverá uma companhia de seguros disposta a vender-lhe sequer uma apólice de saúde, quanto mais de vida.   

Vem a "Antiguidade Clássica" de Amorim no Sporting a propósito do seguinte silogismo aristotélico: Rúben afirma frequentemente que o futebol é o momento. Ora, em grande momento estava o Chermiti, com golos, assistências e arrastamentos para golo. Assim sendo, o Chermiti deveria ontem ter sido titular. Mas não, em vez do silogismo triunfou o associativismo. E o Paulinho é que foi a campo. É o amor de perdição de Amorim, o Camilo até já escreveu sobre isto. Restará saber se em prol do associativismo não os veremos em simultâneo a deixar Alvalade. Com o Esgaio e o Trincão a transportarem as malas à saída. Talvez então o Rúben se liberte da escuridão e não mais renegue a realidade como ela é, embora quem despreze Aristóteles também possa nada aprender com um  seu mentor (Platão, aluno de Sócrates e autor da Alegoria da Caverna).

 

Outra coisa que me intriga é o início de construção da nossa equipa. Há quem lhe chame saída de bola, mas no nosso caso é mais "saída de barra". É que as chuteiras do Adán devem ter sido feitas na Lisnave, ali bem perto de onde o rio desagua no mar...(Temos aqui um caso paradigmático de construção naval, tanta é a água que se mete no processo, razão pela qual esta temporada vamos permanecer em doca seca... de títulos.)

 

Andamos quase todos aqui às voltas com a vontade de recuperar o melhor Amorim (esse pelo menos fez-nos campeões, que garantias nos darão os que se seguirão?) que até nos esquecemos das responsabilidades de Frederico Varandas. É que bom presidente não é o que passa a perna ao treinador ao vender-lhe o Matheus, bom presidente, sim, é o que estende a mão ao treinador e despacha o Paulinho para longe, para as arábias ou assim, onde se poderá associar com os camelos de duas e uma bossa (dromedários) e assim aprender como armazenar energia, conhecimento que lhe poderá ser muito útil na hora de rematar à baliza. [Em tirocínio, ontem até me pareceu vê-lo a transportar qualquer coisa (seria a bola?) nas costas.] Com a ajuda do super-empresário Mendes, pois claro, que vender seca (de golos) no deserto não deve ser tão fácil quanto "enganar ingleses" com o Bruno e o Matheus, ao melhor estilo do Zezé Camarinha. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Manuel Ugarte, qual Atlas a levar às costas o mundo do leão. 

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16
Fev23

Antevisão da Liga Europa


Pedro Azevedo

O Sporting recebe hoje à noite o Midtjylland, em jogo a contar para os dezasseis-avos de final da Liga Europa. Aqui ficam algumas notas sobre os dinamarqueses: o Midtjylland joga num sistema de 4-3-3. Defensivamente, a equipa é bastante permeável. A presença dos interiores bem por dentro e próximo do seu ponta de lança deverá garantir aos leões a vitória, atraindo o Midtjylland para o centro e libertando os alas (ou o ponta de lança, se o nosso médio mais ofensivo chegar em condução às imediações da área dinamarquesa) para entrarem e finalizarem no espaço compreendido entre os centrais e os laterais. São vários os exemplos de sucesso deste tipo de estratégia usada pelos adversários do Midtjylland. Outra situação que os leões poderão aproveitar é a deficiente cobertura defensiva dos dinamarqueses nos cruzamentos. Não só deixam-se frequentemente antecipar ao primeiro poste como o segundo poste fica quase sempre desguarnecido. (Aspecto que poderá também jogar a nossa favor são as bolas de ressaca, pois os dinamarqueses geralmente não deixam ninguém na cobertura à entrada da área, antes se amontoando à frente do seu guarda-redes de uma forma muitas vezes ineficiente.) Recomendar-se-á, assim, largura nas alas e a aproximação dos interiores à pequena área na altura dos cruzamentos (desejavelmente efectuados pelos alas). Como nota positiva nos nórdicos, o seu guarda-redes, Jonas Lossl, é muito experiente, com passagens pelos campeonatos francês e inglês, e tem excelentes reflexos. Ofensivamente, o Midtjylland tem o seu ponto forte. É uma equipa muito perigosa quando faz chegar a bola ao seu melhor jogador, Gustav Isaksen (número 11), de apenas 21 anos, um esquerdino que parte do lado direito, tanto fintando por fora e para dentro como procurando encontrar um colega no segundo poste. Outro jogador interessante é o uruguaio Emiliano Martinez (número 5), que conduz bem em posse e tem um bom remate de fora da área. De destacar também a presença do central e capitão, Sviatchenko, nas bolas paradas ofensivas, com bom aproveitamento. Ultimamente, a equipa perdeu algum do seu poder de fogo com as vendas de Dreyer, o seu goleador, para o Anderlecht, do médio ofensivo, Evander, que saiu para a MLS (Portland), e do guineense Kaba (Cardiff), sendo uma relativa incógnita quem acompanhará Isaksen no trio da frente, embora o zambiano Chilufya seja uma opçao a ter em conta.

 

Em resumo, temos aqui um adversário perfeitamente ao nosso alcance, assim a nossa equipa consiga explorar os seus pontos mais fracos e não permita grandes veleidades ao extremo Isaksen. Mas, certamente, Ruben Amorim já viu isto tudo que aqui descrevi, e muito mais,  

15
Fev23

Torre Jenga


Pedro Azevedo

O Record diz que a eventual não ida à Champions traduzir-se-á para o Sporting numa redução de 40M€ de proveitos, ou seja, cálculos meus, mais ou menos a receita líquida da venda de Matheus Nunes. Assim, a confirmar-se o não apuramento para a Champions, a venda de Matheus, além de resultados desportivos desastrosos, produzirá um resultado financeiro nulo. Em consequência, o mesmo jornal, sempre bem informado do que se passa no reino do leão, previne que mais vendas estarão a caminho (mesmo após a de Porro) para tapar o "buraco". Conclusão: como no jogo de madeira Jenga, a subtração de uma só peça pode fazer desabar uma torre inteira. Gestão de topo? (Talvez mais de Topo... Gigio, que também adormecia criancinhas e meninos.)

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14
Fev23

O momento do Sporting


Pedro Azevedo

A equipa profissional de futebol do Sporting registou a sua décima primeira derrota na actual época desportiva. Num momento destes o normal é disparar-se em todas as direcções: presidente, treinador, jogadores e adeptos. Mas os adeptos não jogam, os jogadores fazem o que podem (e, se não podem mais, é porque não sabem e isso não é culpa deles), o treinador até já foi campeão e o presidente não acrescenta mas calado pelo menos tem marcado poucos auto-golos. Por isso, sendo certo que para cada problema deverá haver uma solução, o diagnóstico do problema não é assim tão claro que perspective encontrar-se facilmente o caminho que nos liberte das trevas, ou não há um grande e incontornável problema que esteja à vista de todos. Porque, desde logo, o que me parece é existirem vários pequenos problemas que, todos juntos, vêm contribuindo para colocar areia na engrenagem e estão na origem do resultado desapontante desta temporada. Desde logo, a falta de golos, o que pode ser atribuído à insistência do treinador com Paulinho. Mas também a profusão de golos encaixados, o que terá a ver com as características dos nossos jogadores de meio campo, menos intensos que os seus predecessores, e com a opção (da Direcção) de vender Matheus já depois de também ter alienado o passe de Palhinha. A venda de Matheus, e o timing em que ocorreu, conduziu Amorim no caminho da experimentação. As contratações menos conseguidas, também. Ora, dificilmente experimentação se coaduna com a alta competição, e isso tem um custo. É certo que o mês de Dezembro e a Taça da Liga chegaram a parecer o tempo ideal para se encontrarem as soluções alternativas mais correctas. Mas, em vez de convicções mais profundas, no novo ano multiplicaram-se as dúvidas, num constante entra e sai de jogadores que dificilmente contribui para a estabilidade de uma equipa. O que me leva a perguntar a mim próprio se algo de positivo se pode tirar de uma época assaz negativa. Na minha opinião, há. Desde logo é preciso que quem tenha mais responsabilidades reflicta sobre o processo. A falta de humildade (Amorim a não querer ver o óbvio) e a soberba (o presidente a chamar patetas a todos os que correlacionaram a saída de Matheus com o desenlace da época) conduziram-nos aqui, pelo que ou muda a atitude de quem dirige ou entraremos num caminho sem saída. Dentro disto, os jogadores serão os que terão menos responsabilidades, eles que até têm procurado adaptar-se às por vezes excêntricas opções do treinador: Inácio tem feito épocas quase inteiras a jogar de pé trocado na defesa, o lateral Matheus Reis fez-se central, Nuno Santos destacou-se a percorrer todo o corredor, Morita encontrou uma chegada à área até aí desconhecida no seu percurso, Arthur tanto joga a interior como a ala, Pote sobe e desce no terreno consoante as necessidades e humores do seu treinador. Como estar a pôr a culpa nos adeptos seria no mínimo tolo e qualquer estratégia de os usar para desviar as atenções seria quase criminosa (sim, há arruaceiros semi-profissionais, com os quais não há diálogo possível, mas não tomemos a nuvem por Juno), é a estas pistas que nos deveremos agarrar, reflectindo para o futuro. E é preciso a massa adepta sentir que essa reflexão está em curso, a começar no seu presidente, que deve interromper o seu silêncio e aparecer num momento destes para mostrar que tem consciência do momento que se vive e do resultado das opções tomadas. Falando para aqueles que serve, porque no dia em que não tiver ninguém a quem servir a sua função deixará de ter expressão. É esse aliás o grande perigo que emerge desta época: a desagregação. E o caminho de apontar baterias para sócios e adeptos, tantas vezes falaciosamente percorrido, não pode ser um caminho a seguir, a não ser que se pretenda deparar com o abismo. Claro que a resiliência de sócios e adeptos é importante numa hora difícil, mas então que isso seja pedido conjuntamente com uma reflexão consciente sobre o que nos trouxe aqui e sinais claros de mudança. Porque um Homem sem sonho não é nada, e um clube sem emoção à sua volta nada é. 

13
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um Chermiti contra o associativismo


Pedro Azevedo

Para além de Ugarte, o Sporting tem no seu plantel 6 médios. Bragança é um lesionado de longa duração, Morita ficou indisponível à última da hora, mas estavam desimpedidos 2 miúdos da formação (Essugo e Mateus Fernandes) e outros 2 jogadores contratados esta época (o Tanlongo e o Buscapoulos). Resultado? Vários milhões depois, gastos entre olheiros (eles), olheiras (nós) e colchões da Academia, contra o Porto o titular foi Pote, o nosso melhor marcador das duas últimas temporadas, que obviamente fez falta lá na frente. Depois há o caso do elevador de St Juste, que voltou a ficar parado. Alta manutenção, está mais do que visto, ou não tivesse custado 9,5M€. Passou mal a noite, leu-se por aí, interpretando-se tal como um transtorno do foro gastro-intestinal. Depois do ombro, joelho, coxa e tornozelo, os intestinos e o estômago... Enfim, o neerlandês até é bom jogador, o problema é que o único orgão relacionado que parece funcionar bem é o da igreja luterana que frequenta. Se uns não podem ir a jogo, outros ficam no banco por opção. Mas é uma opção de curto prazo, porque o impulso pavloviano do treinador com Paulinho e Esgaio faz com que não resista a mandá-los para o relvado à primeira oportunidade, ainda que o primeiro tenha entrado 1 hora antes do tempo e o segundo tenha estado 15 minutos a mais em campo. O fisiologista Pavlov chamou-lhe reflexo condicionado. Se é reflexo, eu não sei, mas que condiciona (a equipa), lá isso condiciona. Muito. E depois há o caso da gestão de Fatawu. De prometedor contra o Braga para a bancada face ao Rio Ave, como tirocínio para a titularidade ontem com o Porto, jogo em que depois saiu ao intervalo. Vi algo parecido na antiga Feira Popular, creio que se chamava Montanha Russa. É só emoção! (Mas cabeça fria precisa-se.)

 

Já li por aí que a nossa exibição foi deprimente e assim, mas não estou de acordo. Deprimente foi o nosso jogo em Vila do Conde, isso sim. Só que ganhámos, e isso fez com que os leões fizessem de avestruzes e enfiassem a cabeça na areia. Ontem, pelo contrário, fizemos uma boa primeira parte. Mas não fomos felizes na finalização. Só que depois demos o estoiro, o que já é prática corrente. E, entre erros próprios (Coates) e má fortuna (Ugarte), demos 2 golos de bandeja ao Porto. Também não ajudou muito termos 1 único jogador capaz de desequilibrar no 1x1 (Edwards) e somente 1 ponta de lança goleador (Chermiti), características individuais que por vezes se sobrepõem a uma equipa que não está a funcionar como um todo e fazem ganhar jogos, pelo que perdemos. Perdemos no presente, mas talvez tenhamos ganho algo no futuro (Chermiti). Mas nunca se sabe, pode ser que o Amorim lance o Youssef no próximo jogo da B. É que é preciso comer muita papa até dominar o associativismo... 

 

Artur a suar(es) há dias é um caso perdido desde que os Super Dragões invadiram o centro de destreinos da Maia. E a culpa nem é principalmente dele, mas sim de quem o deveria proteger (Estado e Federação) e prefere assobiar para o lado, deixando-o exposto. E de quem o freta, ano após ano, para estes caldinhos (Conselho de Arbitragem). Ontem amarelou tudo o que pôde vestido de verde-e-branco e fez vista grossa a um pisão de Pepe que quase arrumava com o Chermiti, ali bem à frente dos seus olhos. O que o faz correr? Com um caso perdido não se devem gastar muitas linhas, que a vaidade de ver o seu nome impresso ainda pode sobrepor-se aos motivos pelos quais é chamado à colação. Apenas dar graças a Deus por haver um limite de idade até para a asneira. (A UEFA e a FIFA é que os topam bem, e mais não digo.)

 

O ambiente está ao rubro entre os apaniguados do J Marques e as testemunhas de Janelá. Se dentro das quatro linhas a disputa vai ser até ao fim, fora delas vamos ver quem vai ser o campeão dos figurões. E o que não falta aí são discípulos (até no nosso clube, mas jogam para nulos), todos a aprenderem pela cartilha de João de Deus dos pobres de espírito. Pode ser que lá para o fim da época até já saibam escrever, que o que dizem não se escreve (nem se recomenda). 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Youssef Chermiti

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11
Fev23

Chermiti, claro


Pedro Azevedo

Na época de 2020/21, o Sporting procurou nos tribunais a "despenalização" de Palhinha, anteriormente suspenso federativamente na sequência de acumulação de cartões amarelos, sendo o último a si mostrado de uma injustiça gritante. O Sporting usou um expediente permitido, não está aqui em causa a ética da coisa, trata-se tão só de um buraco legislativo que outros clubes também já exploraram. E, na sequência, o Tribunal Administrativo de Lisboa determinou a suspensão da sentença que deixava Palhinha fora do derby contra o Benfica. Acontece que Amorim, não tendo certezas durante a semana sobre se poderia contar com Palhinha ou não, treinou Matheus Nunes nessa posição. E, coerentemente, lançou-o como titular, formando dupla com João Mário, começando Palhinha no banco de suplentes. O actual médio do Fulham viria a entrar no segundo tempo. Mas Matheus revelar-se-ia o homem do jogo, marcando o golo solitário da partida em cima do gongo. No final do jogo, o Sporting alargou a vantagem sobre o seu perseguidor mais directo para 10 pontos, vantagem sólida que lhe viria a permitir ser campeão. 

Vem este arrazoado a propósito da suspensão da penalização de Paulinho, que está apto para ir à jogo. Como não tenho dúvidas sobre a coerência de Ruben Amorim, admito até que venha a lancá-lo durante o desafio. Mas o titular será Chermiti. Com o mesmo resultado de há dois anos? Amanhã saberemos. (Mas se o Paulinho entrar e resolver ninguém das nossas cores ficará zangado.)

09
Fev23

E duram, e duram...


Pedro Azevedo

Acabado de completar 38 anos, Cristiano Ronaldo impressiona pela sua longevidade. Tal, inevitavelmente, remete-nos para outros casos míticos de durabilidade. E vêm-nos à cabeça os casos de Stanley Matthews e de Kazu Miura, ambos também curiosamente nascidos no mês de Fevereiro. Aos 38 anos, Matthews resolveu uma Taça de Inglaterra para o Blackpool, marcando os dois golos da final. Acabaria por jogar profissionalmente até aos 52 anos, tendo merecido a honra de ter sido o primeiro futebolista ainda em actividade a ser agraciado com o título de Sir pela rainha, regressando em final de carreira ao seu Stoke City e destronando o anterior detentor desse recorde, Billy Meredith, antiga glória do Manchester City e do United. Meredith despediu-se do futebol aos 50 anos, em 1924. Extremo direito, como aliás Matthews, Billy destacava-se pela sua habilidade no 1x1 e pela fiabilidade dos seus cruzamentos, pormenores que captavam a atenção do público presente nos estádios onde actuava. Mas seria por mastigar um palito entre os dentes(!) durante os jogos, como se de uma pastilha elástica se tratasse, que se tornaria facilmente distinguível para os menos impressionáveis pelas suas qualidades futebolísticas. Enfim, outros tempos, tempos de alguma ingenuidade que porém não impediram que Meredith fosse suspenso por 1 ano pela FA inglesa devido a uma tentativa de suborno. O alvo foi o capitão do (Aston) Villa e o objecto foram 10 libras(!). Após o cumprimento da punição, trocou o City pelo United. 

 

Recentemente, Matthews viu-se ultrapassado no seu recorde de longevidade profissional. E o novo detentor dessa marca, Kazu Miura, à beira de completar 56 anos, está em Portugal, assinou pela União Desportiva Oliveirense, actualmente na Segunda Liga. O nipónico, ainda adolescente, iniciou a sua carreira no Brasil(!) e depois teve uma passagem relevante por Itália, no Génova, o que não deixa de fazer sentido no currículo de um marinheiro de tantos portos. Regressado ao Japão, tornou-se um ídolo do Verdy Kawasaki, hoje Tokyo Verdy, entre mais curtas experiências em outros clubes japoneses e até uma participação num Mundial de Futsal. Globetrotter, passou também por Croácia e Austrália, só lhe faltando África no currículo profissional para completar os 5 continentes. 

 

Perante estes dados que aqui Vos apresento, CR7 aos 38 anos de idade é ainda um jovem. Formado no Sporting Clube de Portugal e retocado no futebol inglês por um artífice de primeira qualidade (Sir Alex Ferguson), Ronaldo tem uma carreira repleta de êxitos no Manchester United, Real Madrid e Juventus. Agora vive a sua experiência asiática, sem a mesma pressão e com a conta bancária bem recheada. Mas sente-se que é o amor ao futebol que o faz permanecer em actividade, assim como a perspectiva de se continuar a superar, de bater recordes. Por isso, pelo sim pelo não, o Miura que se cuide. É que se os miuras são conhecidos como bravos, o Ronaldo é bravíssimo. 

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08
Fev23

Chermiti, o regresso ao passado


Pedro Azevedo

As características de Youssef Chermiti aproximam o Sporting da sua versão 2020/21, época coroada com o título de campeão nacional. Ao contrário de Paulinho, que desce para dar geometria e organização ao ataque, Chermiti é um Mustang, mais de procurar a profundidade, de esticar o jogo e encontrar espaços nas costas das defesas adversárias, assemelhando-se assim a Tiago Tomás ou Sporar. E, quando recua, segura a bola e fixa o defesa antes de passar curto e desmarcar-se nas suas costas. Nesse transe, a acção de Chermiti serve melhor o propósito de encontrar espaço entre-linhas, enquanto a de Paulinho visa mais a atracção ao centro para encontrar espaços nas alas, a circulação em "U", jogando assim o Sporting, com ele, mais por fora e não tão "dentro" do adversário. Associando a forma de jogar de Chermiti com as características individuais dos jogadores que o circundam, diria que Pote será o mais beneficiado com a sua inclusão no Onze, ele que possui inteligência para aproveitar como ninguém o espaço nas costas do defesa que é arrastado pelos movimentos com e sem bola de Chermiti (ou as segundas bolas que sobrem do embate do nosso ponta de lança com os defesas). Também Morita desfrutará mais com a inclusão de um ponta de lança que temporiza aquanda da fixação do central e procura essencialmente associar-se ao médio ou interior mais próximo. Todavia, a equipa ainda não está montada para aproveitar totalmente as características do nóvel ponta de lança, nomeadamente a sua envergadura, instinto predador e facilidade de remate. Aqui a inclusão de Nuno Santos como interior pelo centro-esquerda poderia contribuir para mais concretizações na área, beneficiando Chermiti de uma simplicidade de processos que foi chave no campeonato ganho pelo Sporting. É que, com Paulinho, o Sporting joga de uma forma mais elaborada, bonita até, mas jogar bonito não significa que se jogue melhor. E, com Chermiti, o Sporting pode regressar aos básicos, reencontrando-se com uma forma de jogar simples (passe-desmarcação-cruzamento-golo) mas que já se revelou tremendamente eficaz. Tem a palavra o Rúben Amorim. 

Chermiti, um regresso ao passado que é também o regresso a um futuro dê sustentabilidade, de aposta nos jovens da nossa cantera.

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07
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

“Quatro Centrais Futevoltaicos” e um Chermiti ligado à corrente


Pedro Azevedo

Com Manuel Ugarte mais baixo no terreno do que é costume, formando uma inovadora (para o treinador) linha de quatro defesas - 4 Centrais Futevoltaicos, que esgotaram as baterias num circuito fechado que foi a consagração da posse estéril - , Rúben Amorim pretenderia alimentar o resto da equipa com segurança. Só que o jogo foi de noite, o sol há muito já se havia posto e o recúo do uruguaio acabou por enfraquecer o jogo atacante do Sporting, que com menos um homem no meio campo perdeu energia e ligação entre os sectores. Essa ausência de corrente no miolo, agravada pela falta de meios auxiliares de diagnóstico - o (grego) Buscapoulos ficou em Lisboa - ,  persistiu durante todo o jogo. E, se no relvado faltou condução de energia, no banco deu-se um apagão. Salvou-se então a inteligência de Pedro Gonçalves e a energia de Chermiti, o único jogador que verdadeiramente esteve sempre ligado à corrente. Desta parceria nasceria aliás o único golo do desafio, com a Defesa vilacondense a ser arrastada com sede a mais ao Pote e o Chaimite a atingir o alvo. Antes, quase tudo foi deprimente, desde a arbitragem de Manuel Mota - Quantas faltas pode um central fazer sobre um mesmo jogador (Chermiti) sem sofrer a devida punição disciplinar? - até aos centros inversamente proporcionais de Matheus Reis -  se o Chermiti ia ao primeiro poste, ele metia a bola no segundo; se o nosso ponta de lança surgia ao segundo pau, o brasileiro punha a bola no primeiro - , passando pelos desastrados passes de Ugarte, gerando uma exasperação no adepto que só não se transformou em frustração devido à expedita acção de Adán numa ocasião. Mas ganhámos, o que permitirá uma qualquer outra leitura do jogo mais adaptada ao resultado. Com a Vossa licença, para esse peditório eu passo. 

 

Em resumo, jogámos como sempre quando na condição de visitante esta época e GANHÁMOS como (quase) nunca. Com o golo marcado por um miúdo de 18 anos da nossa Formação, o que me fez surgir um brilhozinho nos olhos. Hoje soube-me a pouco, hoje soube-me a tanto... (É destes oxímoros que também se faz o sortilégio do futebol.)

 

Tenor "Tudo ao molho": Youssef Chermiti. Pote, Adán e Inácio (passe a queimar linhas no golo do Sporting) salvaram-se também da nota negativa.

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06
Fev23

Manuelices


Pedro Azevedo

Eu sei que jogámos muito pouco no primeiro tempo, com intermináveis passes entre os centrais, exemplo paradigmático do que é a posse estéril, mas deixo a seguinte pergunta: quantas faltas precisa o central do Rio Ave de fazer sobre o Chermiti para levar um cartão amarelo? É que já contei pelo menos 4, a última das quais mal-disfarçada por Manuel Mota com uma infração anterior sobre outro jogador do Sporting. 

04
Fev23

Castigos cirúrgicos


Pedro Azevedo

O Sérgio Conceição foi expulso e o CD puniu-o com 1 jogo de suspensão, mesmo a tempo de estar presente no banco quando o FC Porto defrontar o Sporting. Em contraponto, o Paulinho também foi expulso e punido com 3 jogos de suspensão, mesmo a tempo de falhar o jogo com o FC Porto. Surpresa? Não, é só mais um sinal de como o futebol português está morto, ainda que subsista alguma actividade cerebral. A comprová-lo, depois das contratações cirúrgicas, temos agora os castigos cirúrgicos. E assim vai o nosso futebol, já cadáver mas sem que um médico legista lhe decrete o óbito. 

PS1: Posso estar enganado, mas estou em crer que se o Chermiti engata uma exibição em Vila do Conde ao nível da da recepção ao Braga ainda vamos ter o Paulinho despenalizado para jogar com o FC Porto. No futebol português há que baralhar com grande aparência de justiça para que no fim tudo possa ficar exactamente igual. 

PS2: Numa outra qualquer circunstância futura, a celeridade com que foram tomadas estas decisões será mandada às malvas e as suspensões terão efeito prático lá para o Verão... Porquê? Ninguém sabe, mas logo se ajustará a narrativa.

02
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

O Tsubasa, o Copperfield e o Button foram à bola


Pedro Azevedo

Os amantes do futebol associativo passaram uma semana de grande ansiedade após terem visto o seu ícone, Paulinho, desassociar-se do resto da equipa, deixá-la em campo em inferioridade numérica e ser suspenso. Foi como se lhes tirassem um dos seus últimos argumentos, uma das suas derradeiras linhas de defesa contra a falta de proficuidade goleadora do nosso avançado centro. Na verdade, o associativismo do Paulinho estava para o ponta de lança como o charme está para os homens - "Ah, e tal, não é bonito mas é um homem muito charmoso" - , uma característica que lhe dava patine, o tornava interessante e fazia esquecer tudo o resto. Mas, o drama, o horror, a tragédia, o Paulinho estava de fora do jogo com o Braga e os últimos resistentes da intrépida devoção ao "Citizen Kane" português - "Como saberes o que é suficiente, se não souberes o que é demais?" Há excessos assim que nos abrem os olhos para delirantes percepções da realidade... - rezavam secretamente para que Amorim lançasse o trio dinâmico na frente, com Trincão e sem ponta de lança. (Se não se puder provar que um seu eventual substituto é melhor, então é mais fácil de conceder que o Paulinho, ainda que não goleador e divergentemente associativo, tem de jogar.)

 

Acontece que o Amorim decidiu operar uma pequena revolução. E, qual Salgueiro Maia, avançar para o quartel que já foi do Carmo (agora no Porto) com o chaimite, ou Chermiti, ou lá o que é esse menino que deslumbra tanto a cada toque na bola como a cada movimentação sem ela, ora servindo apoios frontais, ora arrastando marcações, com a vantagem adicional de não se inibir no jogo aéreo e disputar com quantos adversários for preciso qualquer bola nas alturas. Não é fácil para um menino de 18 anos saber quando deve soltar a bola rapidamente e desmarcar-se ou simplesmente a reter e esperar pelo avanço dos colegas, mas nesse aspecto o Cherniti pareceu um veterano, um Benjamim Button desfilando de chuteiras. E quanto aos arrastamentos dos centrais, bom, basta dizer que os segundo e terceiro golos do Sporting resultaram dessas movimentações, com a cereja em cima do bolo de o segundo ainda ter tido uma assistência à Madjer do nosso puto a engalaná-lo. Além disso, o nosso novo ponta de lança mostrou bom jogo de cabeça, ora antecipando-se a todos ao primeiro poste, ora vencendo a oposição de 2 adversários numa bola dividida. É claro, porém, que o Chermiti não jogou sozinho. Houve muito Edwards na condução e transporte de bola, naquele seu estilo de prestidigitador, que habilmente mostra a bola ao defesa para o iludir e logo a esconde com um rápido movimento de pés. E tivemos também, e principalmente, um grande Morita, o nosso Tsubasa, gregário no meio do campo e letal na chegada à área. Um espectáculo este japonês que a todos encanta pela sua generosidade, humildade, simpatia e, é bom não esquecer, qualidade técnica ímpar. Depois destes, destaco ainda Pote, St Juste e Esgaio (e o grande golo de Matheus Reis e a iniciativa de Fatawu que deu um penálti). O primeiro de volta aos golos e sempre em movimento, o segundo ímpar nas acelerações e com passes sempre precisos e o terceiro rejuvenescido, como que liberto de uma sombra opressora tutelar que o esmagava e confrontava com a sua própria realidade. 

Uma vitória muito importante do Sporting, que culminou uma semana em que o Braga foi servindo de exemplo de gestão para nós. Dez-a-zero depois (pouparam a visita ao museu), com um mês de intervalo, eu diria que o Braga deve mesmo servir de exemplo. Para o Rio Ave, o Porto e os restantes desafios que temos pela frente. Porque o único salvador de que precisamos está dentro da nossa casa. E quando faz as coisas certas, é certo que estamos mais perto de ser felizes. Jogo a jogo, Amorim. 

PS: O único senão foi a voluntária exclusão de Coates para o jogo de Vila do Conde. Os melhores disponíveis devem sempre jogar o próximo jogo (de acordo com a narrativa de "jogo a jogo"), e a ausência do uruguaio vai obrigar-nos a reformular toda a defesa (Inácio para o meio, Reis à esquerda). Aprender com os erros faz parte da evolução humana, e a ausência de Pote (a que se seguiu a opção por não colocar Nuno Santos de início) já nos custou 3 pontos na Madeira à conta de poupanças para o jogo com o Benfica (que não ganhámos). 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Hidemasa "TSUBASA" Morita

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01
Fev23

Pinheiro de Leiria


Pedro Azevedo

Desde que Dom Dinis mandou florestar o pinhal de Leiria, dito Pinhal d'El Rei, que se sabe que o pinheiro é influente na região.  Por isso não surpreendeu que, no Sábado, o Pinheiro tivesse aparecido à hora do jantar. Também ninguém caiu da cadeira por constatar que o Pinheiro afinal era bravo e abanava mais para um lado do que para o outro. O que não deixa de pasmar é a surpresa sentida nas nossas hostes. É que é sabido que os pinheiros têm muita sede, tanto que muitas edificações sofrem com a extensão e profundidade das suas raízes, o que se traduz num problema de urbanismo, que não deve ser confundido com um de urbanidade (ou falta dela). Por isso, da próxima vez falem. Antecipadamente. Ou então, não, e fiquem à espera da rainha Santa Isabel e do milagre das rosas. Correndo o risco de, assim, ficarem sem pão. 

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