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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

14
Mai20

Foi bonita a festa!


Pedro Azevedo

A exigência máxima começou logo na pré-época com um estágio massacrante do ponto-de-vista físico para todos os jogadores. Schmeichel, que abandonara no Verão o Manchester United com o título de campeão europeu e rumara a Portugal à procura do sol e de retemperar forças, era um dos que mais se queixava. A verdade é que essas cargas viriam a ser providenciais durante a época, com a equipa a exibir grande intensidade de jogo, facto que ainda hoje granjeia a Materazzi, que não duraria muito em Alvalade, o reconhecimento pelo seu papel no título. Depois veio Inácio, e com ele a afirmação de Vidigal e de Acosta. O plantel era curto, a substituição típica envolvia Pedro Barbosa e Toñito. Na reabertura de mercado chegaram César Prates, André Cruz e Mbo Mpenza e a equipa melhorou. As correrias pela esquerda de De Franceschi, os livres de André Cruz, os golos do ressuscitado Acosta e o dúo dinâmico do meio campo defensivo (Duscher e Vidigal) iam-nos mantendo na luta. O Sporting dava espectáculo e Schmeichel era um espectáculo dentro do espectáculo com as suas "manchas" e as broncas que dava ao pobre do Rui Jorge (grande garra). O Sporting era uma equipa compacta, dirigida por um treinador (Inácio) que conseguiu expremer os recursos à sua disposição ao máximo. Delfim caíra em batalha, Edmilson também, mas havia ainda Beto, Bino e Ayew. Chegou então a altura de salvar o primeiro "match-point" da época, a recepção ao Porto, o até aí líder da competição. Perder era proibido, empatar seria mau, mas André Cruz trocou a aritmética pela trignometria e meteu a bola no ângulo. De seguida, Acosta teve um Secretário a levar-lhe a bola até à bota e não desmereceu o seu epíteto de Matador. Estávamos à frente do campeonato. Por aí continuámos até à recepção ao Benfica, o primeiro "match-point" a nosso favor para sermos campeões. A festa foi rija, mas foi antes. Almoço alargado e bem regado nas imediações do estádio, na ilusão que tudo acabasse como naqueles contos de capa e espada em que os bons no fim vencem. Mas um toque de Sabry deu-nos uma inesperada estocada no estômago e o champanhe regressou à despensa. Uma semana depois fui a casa do Zé. Éramos talvez uma dezena, nervos em franja. Ao intervalo, zero-a-zero. O Porto não fazia melhor em Barcelos, e isso aliviava-nos um pouco o sobressalto. Até que o André afinou aquele pé canhoto mágico que Deus lhe deu e o Jorge Silva foi buscar a bola dentro das redes. Explosão na sala, havia que aliviar a tensão nervosa e vencer a angústia. Logo de seguida, o Ayew apanha um passe do De Franceschi e mete-a dentro da baliza salgueirista. Mais uma erupção, mas 18 anos de contrariedades ainda nos deixavam desconfiados. A certeza da vitória só surgiu quando o Schmeichel fez uma espargata à andebol e negou o golo ao infortunado Feher. Começou a comemoração e os golos de Duscher e André Cruz (novamente de livre directo) já foram saboreados com outra tranquilidade. Agora, a hora era de marcar restaurante. Ouvimos dizer que a equipa ia para a Câmara Municipal e fomos todos jantar ao Pinóquio. Juntou-se um saudoso amigo que, supersticioso e sentindo-se incapaz de aguentar tanta emoção, se refugiara num cinema durante o jogo. Muito nos rimos enquanto ele nos contava as infrutíferas tentativas de se dissociar do que se passava em Vidal Pinheiro, entre gritos de golo à sua volta a entrecortar a fita. Do Pinóquio seguimos para a Câmara, e da Câmara fomos em romaria atras do Iordanov. Até ao Marquês. A noite foi longa e ainda nos unimos a outros amigos que optaram por ir a Alvalade, que a festa aconteceu em estéreo mas duas rectas paralelas encontram-se sempre no infinito... da noite. A noite que não queríamos que acabasse. Nunca. Ai que saudades, meu Deus, que saudades... Há 20 anos atrás o Sporting sagrava-se campeão nacional, 18 anos de espera depois. Soube-me pela vida!

sporting 19992000.jpg

6 comentários

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    Pedro Azevedo 14.05.2020

    Nesse dia não houve classes ou estratos sociais, apenas Sportinguismo e Sportinguistas. Como sempre deveria ser. Recordo-me de José Roquette se ter deslocado a Coimbra e ter tomado o último café a 25 escudos (12,5 cêntimos, actualmente). Que saudades eu tenho desses tempos. Não deixa de haver uma ilação: quando ganhamos, todos somos um; quando perdemos, lá vêm as clivagens, a conversa de os sócios serem um transtorno, a intolerância, etc. Mas uma coisa é certa: um fraco rei faz fraca as fortes gentes. Eu, para além de uma estratégia que eu não deslumbro, aquilo que creio ser mais indesculpável na gestão-Varandas é a desculpabilização constante e as meias verdades (para ser meigo) dos números que são apresentados. É como dizer que poupámos 10 milhões em Nani e haver quem acredite que isso foi num ano ou que se reflectirá absolutamente nas contas. Depois, contratam-se 15 jogadores, que os sócios acham que só custaram 50 milhões, mas entretanto em salários a poupança de 10 milhões é multiplicada por um gasto ‘n’ vezes superior. Sobre esta dos 18 milhões por ano de poupança nem sei o que dizer. Nem eu nem as pessoas estão habituadas a que eu faça ataques pessoais, pelo que vou só ficar-me pelo que escrevi no outro texto.

    Mas, voltando ao que nos trouxe aqui, o Post, o que posso dizer é que teria ficado muito feliz se Frederico Varandas tivesse sido campeão em 18/19 ou 19/20. No contexto do clube, não há nada nem ninguém que me tire a devoção ao clube, e isso não está dependente de quem pontualmente o serve (chamemos-lhe assim). Esse dia, o de 15 de Maio de 2000, foi sem dúvida um dos mais felizes da minha vida. E olhe que ser pai de 3 já me trouxe inolvidáveis alegrias.

    Um abraço leonino
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    Anónimo 14.05.2020

    Fiz 44 anos nesse 15 de Maio e acho que recebi a melhor prenda de aniversário de toda a minha vida.
    José Manuel David
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    Pedro Azevedo 15.05.2020

    Perdão, o título foi a 14, parabéns pelo dia de hoje (15). A proximidade da meia-noite (recepção do seu Post) baralhou-me as sinapses . Já agora, o seu dia de aniversário coincide com a conquista da Taça das Taças. O meu caro teria então 8 anos e recebeu de presente um cantinho de Morais. Nada mau, um golo olímpico que deu uma taça como presente. Há dias de sorte!
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 15.05.2020

    Por acaso lembro-me muito bem de ter ouvido o nosso Artur Agostinho relatando o golo de canto directo. Nessa altura eu fiz de facto oito anos e não tinha muito a noção da realidade do Sporting e, já agora, da realidade toda mas já me considerava um Sportinguista a sério!
    José Manuel David
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    Pedro Azevedo 16.05.2020

    Foi também por volta dessa idade (tinha 7 anos) que senti que esse amor (ao Sporting) seria para sempre. O Yazalde, Damas e Fraguito também ajudaram muito a isso.
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