Uma década sem João Rocha
Pedro Azevedo
Hoje cumprem-se 10 anos desde a morte de João Rocha, o meu Presidente, o visionário que encontrou no ecletismo a forma de o Sporting não perder relevância no panorama nacional. A ele devemos equipas magníficas em diversas modalidades colectivas, do andebol ao basquetebol, com especial destaque para o Cinco de Ouro do hóquei em patins português e mundial. Foi também com ele que o Sporting cresceu exponencialmente em número de sócios, facto umbilicalmente ligado às apostas na prática de ginástica e natação no clube. Sob a sua liderança, e com a ajuda do trabalho de ourives de Mário Moniz Pereira, o desporto nacional viu nascer duas gerações magníficas no atletismo, com especial destaque para o primeiro medalhado de ouro olímpico, Carlos Lopes, e para o recordista mundial, Fernando Mamede, sem esquecer os olímpicos Jose Carvalho, Domingos e Dionísio Castro, Ezequiel Canário e Aniceto Simoes, ou históricos muiti-campeões nacionais como Raposo Borges, Adilia Silvério ou Conceição Alves, entre muitos outros. Também com ele o Sporting esteve presente no mítico Tour de France, que infelizmente já não contou com Joaquim Agostinho como chefe de fila devido ao trágico acidente ocorrido nesse mesmo ano no Algarve. A sua presidência coincide com o melhor período de diversas modalidades, mas também no futebol a sua presença foi relevante, tendo conquistado 3 campeonatos nacionais, 3 Taças de Portugal e 1 Supertaça, além de ter impulsionado a aposta na formação de novos talentos. Aliás, no futebol, o seu palmares só é superado por outro presidente, Ribeiro Ferreira, ele sim o mais titulado, de sempre, com 6 campeonatos nacionais, 2 Taças de Portugal e 2 então relevantes Campeonatos de Lisboa, tudo isto em apenas 7 anos (ainda não havia sido criada a Supertaça e a Taça nesse período não foi disputada em 2 anos). Aqui fica a minha eterna saudade. Do presidente e do homem muito à frente do seu tempo. Mas também do ambiente que se vivia em Alvalade e nas deslocações aos campos dos nossos adversários. Obrigado, João Rocha. E que falta faz a sua voz assertiva e informada, ele que até à data da sua morte foi um senador sempre avidamente escutado por todos os Sportinguistas nas poucas ocasiões em que tomou a decisão de interromper os seus prolongados silêncios.