Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

23
Dez24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O Auto da Barca do Inferno


Pedro Azevedo

Não sei em relação a vocês, mas eu não acredito em coincidências: o Big Bang não aconteceu por acaso, o meteoro que caiu na província de Yucatán, dizimou os dinossauros e criou as condições ideais para o desenvolvimento da espécie humana, idém. E se coisas tão complexas como estas que ocorreram no passado e influenciaram o mundo como o conhecemos hoje não foram coincidência, o Sporting ter encontrado ontem no Gil Vicente a barca dos infernos muito menos o foi. 

O Sporting navegava numa barca comandada por um anjo. O mar era calmo e o sol luzia, a embarcação seguia sem sobressaltos. Mas o anjo permitiu que os seus dons de timoneiro lhe subissem à cabeça e, qual Lúcifer, afrontou a vontade de Deus, logo se achou acima de todos e reclamou uma barca mais luxuosa, deixando a do Sporting à deriva em alto-mar, a naufragar num mar que logo se encrespou. Até que foi abordada por outras duas barcas que imediatamente disputaram as almas em presença, uma tripulada por um anjo não corrompido pela ambição desmedida e outra dirigida pelo diabo. Só que para muitos era tarde demais, a desidratação e falta de alimento já haviam produzido o seu efeito e na barca jaziam vários corpos, só escapando com vida os jogadores. 

Em sequência, os mortos começam a ser distribuídos pelas embarcações. O primeiro chama-se Frederico. É condenado ao inferno por soberba, preguiça e avareza. Arrogante, a sua alma reclama o Paraíso, alegando os muitos êxitos obtidos no seu mandato "fácil, fácil". O anjo recusa-o, com o argumento de que os méritos foram essencialmente de Rúben. Segue-se o próprio Rúben, previamente capturado em Manchester by the Sea pelo diabo e já condenado por ganância. Ainda tenta mudar novamente de barca e convencer o anjo a ir para o céu, mas, apesar dos seus méritos evidentes, não o consegue convencer pelos recentes prejuízos causados ao anterior clube e seus apaniguados. Também pede ao diabo que o deixe voltar a onde tudo começou (Sporting), mas é demasiado tarde para a redenção e acaba na barca do inferno. O terceiro a chegar é um ingénuo. Chama-se João. É tentado pelo diabo a entrar na barca do inferno, mas quando descobre que o seu destino é um presente envenenado vai falar com o anjo. Este, embevecido com a sua humildade e a "brilhante defesa" (do seu caso), fá-lo entrar na barca que vai para o céu. Depois, chega o que é já o fantasma de Viana, que tenta mostrar que não é deste filme. Mas o anjo não o leva, apoiado-se em tudo o que (não) fez quando não teve controlo parental. Os nomes de Bolasie, Jesé e Fernando são ecoados e imediatamente o diabo o puxa para a barca que segue para Inferno City, onde árbitros e VAR também têm lugar cativo. Finalmente, avança o Paulinho, o último a deixar a toalha cair ao chão, uma vítima inocente do despautério de outros. O diabo sente que com este não tem qualquer hipótese e logo o anjo o conforta e encaminha este verdadeiro leão para a barca que vai para o céu. 

 

Entretanto, os jogadores ficam num limbo, isto é, ainda sobrevivem, se bem que estourados física e psicologicamente, mas já não sabem se isso é real ou se estão no purgatório. E aquilo que poderia ter sido Um Cântico de Natal sobre os méritos da redenção e metamorfose do nosso Ebenezer Scrooge, virou um Auto da Barca do Inferno...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Hjulmand

resumo-do-livro-Auto-da-Barca-do-Inferno-500x500.p

15
Dez24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Regresso ao Passado com falhas de memória


Pedro Azevedo

Quando João Pereira pegou na equipa esta estava na iminência de bater o recorde de melhor início de campeonato, pouco mais de duas semanas depois jogámos para não estabelecer um novo recorde de derrotas consecutivas. Como se percebe, fomos do oitenta a oito, mas, assim como tudo o que sobe um dia inevitavelmente desce nem que seja pelo efeito da força de gravidade (que também bem graves são algumas decisões...), quando se atinge o nível do solo não se pode cair mais. Não só não descemos mais como, ou não jogássemos com uma bola redonda, ressaltámos da valente queda que demos. É verdade, a primeira hora de jogo da nossa parte foi ao nível do melhor de Ruben Amorim, com os interiores a partirem de fora para dentro (nem todas as coisas devem ser geridas de dentro para fora...), Gyokeres a ter espaço na profundidade e o regresso da geometria euclidiana com os inúmeros triângulos desenhados no rectângulo de jogo e abrangendo essencialmente as duas alas. Todavia, faltaram duas coisas para convencer definitivamente os adeptos sobre a retoma: a finalização, que foi desastrosa (Gyokeres só à sua conta perdeu 3 golos cantados, Geny, Maxi e Simões falharam outros tantos), e o comportamento defensivo, com falta de pressão sobre o portador da bola nos lances mais perigosos do Boavista e o erro claro de colocação de Debast como central pelo meio (o belga só olha para a bola, não controla o espaço nem a deslocação do avançado que lhe cabe marcar). E se da má definição final dos lances ofensivos dificilmente se poderão assacar responsabilidades a João Pereira, a insistência em Debast no centro da defesa após o desastre na Supertaça foi o mesmo que pôr-se a jeito para que as coisas não corressem bem (pior é o João Pereira quando fala parecer não ter noção da origem das coisas, como se estas ocorressem por obra e graça do Espírito Santo ou uma conspiração universal contra ele e o Sporting). Não é que o Debast seja mau jogador, que aquela capacidade de passe entrelinhas não engana e é do melhor já visto no futebol mundial, simplesmente não é um bom defesa, ou, melhor, pode defensivamente ser um razoável central pela direita e compensar com o que dá à equipa ofensivamente, mas actualmente não é um fiável central pelo meio. Senão vejamos o lance do primeiro golo dos axadrezados, em que em nenhum momento se preocupa com Bozenik, o tempo todo 1x1 nas suas costas, ou no segundo golo dos boavisteiros, em que não encurta em largura para Quaresma (este aproximou-se correctamente de Geny, que disputou um duelo de cabeça com um adversário em que a bola podia ter ficado por ali), afunda-se em relação à linha e tarda a reagir à movimentação do avançado à sua frente. 

O Sporting perder constantemente as vantagens que detém no marcador é coisa para enervar um monge tibetano, mas, quando cumulativamente temos de levar com o Fábio Veríssimo, então até o mesmo monge tibetano é levado à tentação de cortar os pulsos. E se nenhum adepto merece esta montanha russa em que se tornou o futebol do Spoeting, em relação ao Veríssimo a Liga Portugal tem o que merece (a UEFA é que não tem culpa nenhuma de levar com esta exportação lusa feita a martelo). 

Com um olho negro, um galo na cabeça e um frango entre os postes, o leão estropiado conseguiu os 3 pontos. Do lado do Boavista, uma palavra para Seba Perez, um grande jogador, um polvo cujos tentáculos se estenderam por todo o campo e também as pernas dos jogadores leoninos. Já Debast é o nosso Contreras do Século XXI: óptima saída de bola, mas erros defensivos de um principiante. Um jogador à primeira vista agradável aos olhos, mas que não enche a barriga. Tem de melhorar urgentemente o seu comportamento defensivo (no primeiro golo o Quaresma foi ao meio dissuadir um boavisteiro que seguia frontalmente com a bola e ao regressar teve de enfrentar um bloqueio legal de Reisinho e Matheus Reis deu algum espaço na largura a Agra com medo que este metesse a velocidade, mas é Debast que perde totalmente a sua referência de marcação, o eslovaco Bozenik). 

 

Vencemos o jogo e com isso ganhámos tempo. Só o futuro dirá se esse tempo foi ganho para ser desperdiçado ingloriamente, o que se sabe é que não se deve perder o tempo que custou tanto a ganhar. Ontem, João Pereira provou que até é capaz de entender os comportamentos e nuances ofensivas que Rúben Amorim criou no Sporting, falta perceber se algum dia compreenderá o que é necessário fazer defensivamente. Talvez ajudasse porém que Diomande ou Inácio jogassem como centrais pelo meio, uma lição que Amorim aprendeu com um custo elevado em Aveiro.  

 

Tenor "Tudo ao molho...": Francisco Trincão. Quenda realizou um bom jogo.

JP2.jpg

15
Nov24

Pereira contra Pereira


Pedro Azevedo

Esta coisa em forma de assim de se querer fazer do futebol uma ciência e dos seus treinadores uns Leonardos da Vincis do século XXI é algo que pretende certamente prestigiar uma classe mas não deixa de ser risível na sua aplicação. Desde logo porque, ao contrário da medicina, engenharia, advocacia ou gestão, o conhecimento sobre futebol é transmitido por uma universidade aberta que todas as semanas produz as suas lições. Toda a gente vê futebol, o que não quer dizer que todos tenham a sensibilidade de o perceber. Porque há emoção e esta pode toldar a frieza na análise. Todavia, o conhecimento está disseminado, logo democratizado, como em nenhuma outra área de actividade económica. Pô-lo em prática é outra coisa, que conhecimento é saber que o tomate é um fruto, sabedoria é não misturá-lo numa salada de frutas. Ora, da mesma forma que ninguém sai de uma universidade sabedor (mas apenas conhecedor), também não se pode pensar que serão uns cursinhos de poucos meses (trezentas e tal horas) que elevarão um treinador à sapiência. Vem isto a propósito da obstinação da ANTF e do seu presidente José Pereira em impedir que treinadores sem o nível IV possam dirigir as suas equipas no banco. Veja-se o caso de João Pereira: jogou futebol profissionalmente durante década e meia, nesse período tendo de se adaptar a múltiplos treinadores e múltiplas tácticas, estilos de liderança e de comunicação, gestão física e mental. Não serão preparação e habilitação suficientes para o cargo de treinador? Para José Pereira, não. E quem vem da Faculdade de Motricidade Humana, também necessita dos cursinhos? Pelos vistos, sim, o que faz da actividade de treinador de futebol a mais complexa da era moderna. E eu a pensar que um médico que tem uma vida humana nas mãos, um advogado que tem a inocência de um seu constituinte nos braços ou um gestor que tem o futuro de centenas ou milhares de colaboradores dependente do sucesso das suas decisões estratégicas teriam maiores responsabilidades... Como em tudo, nada como pegar num exemplo radical para ilustrar a falta de senso do que está a ser exigido, na esperança de que José Pereira se confronte com o seu momento Monty Python e refreie caminho: já ouviram falar de Anselmo Fernandez? Era arquitecto e ficou conhecido por ter projectado o antigo Estádio de Alvalade, mas também o Hotel Tivoli, a Reitoria da Universidade de Lisboa e a Faculdade de Letras ou a Clássica. Um dia pediram-lhe para treinar a equipa profissional do Sporting, pós-demissão do brasileiro Gentil Cardoso. Pois, acabou vencedor da Taça das Taças, ainda hoje o único título europeu, em futebol, do meu Sporting. Sem nivel, para o senhor José Pereira, o mesmo que correu Seca e Meca a apreguar a falta de nível de Rúben Amorim enquanto este o desmentia na prática ao liderar folgadamente o campeonato. Há gente que não aprende as lições que a vida lhe vai dando e cumulativamente ainda se julga credor de dar lições a outros. É o caso (perdido) do senhor José Pereira e dos cursos que, espaçadamente no tempo (ao que parece, um tempo médio de 8 anos é necessário para completar os 4 níveis) e sabe-se lá com que justeza de critérios de atribuição de vagas, vai abrindo por aí. Cursos esses que, porém, têm uma virtude: permitem dar trabalho a um sem número de treinadores encartados de nível IV, agora investidos de monitores/professores porque no desemprego. Digam lá se não é irónico?

jose-pe.jpg

11
Nov24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

A Última Ceia


Pedro Azevedo

Desde há duas semanas que sabíamos que o nosso futuro próximo não passaria por Rúben Amorim, mas de alguma maneira a administração do clube conseguiu estender o presente umas semanas, pelo que o Rúben continuou por aqui mais algum tempo e a sensação de orfandade ficou suspensa num tempo entretanto congelado para que o alimento de que todos os Sportinguistas precisam (as vitórias) não ficasse estragado e o novo treinador a anunciar não tivesse prematuramente de meter-se em refogados. Mas tudo tem o seu fim, embora esse fim só seja conhecido quando vem acompanhado de um prazo de validade pré-anunciado. A data escolhida para a cisão teve o seu quê de auto-explicativa, na medida em que foi coincidir com o dia de São Martinho, efeméride religiosa que celebra um soldado romano conhecido pela sua personalidade filantrópica: para nós, que sonhávamos com o título nacional há 19 anos, o Rúben será sempre o homem que nos veio matar a fome. E que, posteriormente, nos reparou o estatuto, nos ensinou a comer de novo e reiteradamente à mesa dos reis, que é algo assim a jeito de na sala do Gambrinus podermos degustar o empadão de perdiz com um bom vinho, enquanto arranjamos espaço para acamar um Crêpe Suzette ("pièce de la résistance"), em vez de nos quedarmos por uns croquetes e uma imperial na barra como um fidalgo falido. Como não há forma de indeterminadamente parar o tempo, ele teve de avançar. Inexoravelmente. De forma que Braga marcaria o fim de uma era. Os últimos dias haviam sido brilhantes, com vitórias sucessivas, a última face ao "mighty" Manchester City. Mas a cauda é sempre o pior de se esfolar, e havia um jogo final em Braga para ser disputado. Um jogo de emoções fortes para adeptos e jogadores, que uma coisa é saber-se que o treinador está de partida, outra é chegar a noite de véspera da data em que ele vai apanhar o avião (e nós bem traumatizados já estávamos com escapadas precárias de avião). Como iríamos todos nós lidar com a nostalgia do momento? 

O primeiro tempo ficou marcado pela saudade de alguém ainda presente, um sentimento de perda que causou angústia e nervosismo à equipa e gerou alguma atrapalhação na definição dos lances. Eficaz, o Braga defensivamente nada nos concedeu e ofensivamente tudo aproveitou: se, lá atrás, os minhotos montaram a barraquinha do tiro ao Gyokeres e foram-se revezando com notável solidariedade nessa especialidade simultaneamente tão promotora quão idiossincrática da cultura de futebol existente em Portugal, mais à frente, o Bruma combinou com o Horta, numa espécie de Horta do Bruma, para nos dar cabo do apetite vegetariano. Resultado: ao intervalo perdíamos por 2-0. 

Com o segundo tempo veio a revolta do pasodoble sobre o fado e "pegámos o touro pelos cornos": a nostalgia ficou no balneário e passámos a "dar ao pedal" em dobro. As substituições também ajudaram a dar maior agressividade e vivacidade ao nosso futebol. Cedo, um dos que entrou (Morita) reduziu a desvantagem no marcador e com isso reentrámos no jogo. Com menos dois dias de descanso, o Braga procurou recorrer a todo o tipo de truques que escondessem o cansaço acumulado dos seus jogadores: cada pontapé de baliza a seu favor era usado pelo Matheus para reflectir sobre a sua própria existência, ao passo que uma queda no relvado do Moutinho exigia a presença simultânea do INEM, de um padre, de um médico legista e de um profissional de seguros com qualificação em avaliação de sinistros, antes do politraumatizado corpo poder ser removido do terreno de jogo para logo reaparecer todo viçoso por artes de magia negra. Tantas perdas de tempo iam quebrando o ritmo de jogo ao Sporting. Mas a vingança serve-se fria, ou não viesse da Dinamarca. E se Hjulmand com um foguete anunciou a revolução, o princípe Harder logo exibiu aquele par de huevos com que se fazem Hamlets.

 

A passagem de Amorim foi uma epopeia que só careceu de um Homero para que fosse fielmente retratada.  Como todas as epopeias poderia ter terminado em tragédia (Aquiles) ou glória (Ulisses), mas reza a lenda que Lisboa foi fundada por Ulisses e isso terá tido uma influência marcante no desempenho do alfacinha Amorim. Sendo para sempre, na mitologia leonina, o profeta e filho de deus que trouxe a boa nova, Amorim por fim reuniu 11 apóstolos naquela que foi a sua Última Ceia. E saiu em merecida glória, deixando para trás inúmeros crentes. 

 

"Sic transit gloria mundi!!!", que a luz ilumine João Pereira!!!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Conrad Harder. Hjulmand seria uma óptima opção.

deus.jpg

06
Nov24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Um argumento caído do Céu


Pedro Azevedo

Antes do jogo era sabido o seguinte: o Manchester City não perdia há 26 jogos para a Liga dos Campeões, um recorde da competição. E ainda não havia sofrido qualquer golo na Champions da presente temporada. Adicionalmente, vencera a exigentíssima Premier League na época passada, chegando assim ao tetra-campeonato, totalizando 6 títulos de campeão inglês nas últimas 7 edições. Perante estes factos, escusado será dizer que o City era super favorito. Mas um jogo de futebol não se joga no computador, nas estatísticas, nas previsões das cassandras apressadas nos jornais e teievisoes. Não, um jogo de futebol joga-se no campo, no relvado. E é presente, e não passado, pelo que tudo o que aconteceu lá atrás não é garantido que se repita. Além de que se trata de um jogo, logo inclui variáveis aleatórias como a sorte e o azar que tantas vezes são desprezadas na sua análise posterior. Serve este último arrazoado para introduzir não de supetão o resultado do jogo. Para quem não viu ou não sabe ainda, recomendo que se acomode, que se sente bem - o resultado foi quatro-a-um para o Sporting!!! 

"Como é que tal foi possível?", perguntará, legitimamente, o Leitor.  Foi possível porque é futebol. E também na medida em que os pontos fortes do Sporting colidiram com os poucos pontos fracos do City e daí resultou a hecatombe inglesa. Pode agora parecer paradoxal, tendo-vos dito primeiramente que o passado não garante o presente, mas a história está cheia de exemplos de superação do mais fraco face ao mais forte. Desde David e Golias, passando por Aljubarrota ou pela Armada outrora julgada Invencível. E ontem fez-se história em Alvalade, na despedida do nosso treinador desse palco sagrado para todos os Sportinguistas. Um enredo que desafiaria o guionista mais out-of-the-box de Hollywood, porque alinhavado no Céu, que Amorim é um daqueles que Deus mais ama e assim transporta com ele uma estrelinha que reluz quando dela mais precisa. Como todo o bom argumento, os sinais iniciais foram contraditórios com o resultado final, como se o Dramaturgo desta história quisesse apanhar o espectador de surpresa. Assim, cedo (3 minutos) o City se apanhou em vantagem no marcador. E para que não houvesse dúvidas de que a noite não seria auspiciosa, pouco depois Gyokeres, o nosso Vik Thor, o Viking e filho de Odin que em boa hora aportou a Alvalade, falhou um golo cantado, mostrando assim uma faceta menos própria de um deus e mais próxima de uma condição humana que se lhe desconhecia. Se o nosso deus está num dia mau, e nós, mortais, nem sabíamos que os deuses poderiam ter dias menos bons, então a nossa glória ou ambição acabará na vala (e não em Vahala) - pensou-se. Mas os guiões mais criativos dão muitas voltas e reviravoltas ("remontadas" é no Bernabéu e este enredo vai mais no caminho de re-béu-béu, pardais ao ninho, conforme adiante se verá) e este centrou-se durante largos minutos num actor secundário que roubou o palco aos designados protagonistas. Falo-vos de Franco Israel, que foi adiando o julgado inevitável, e assim mantendo o Sporting no jogo e dando tempo para que um qualquer milagre se operasse. Eram vagas e vagas constantes de ataque do City, calafrios a seguir a calafrios, mas Israel foi mantendo o sonho da "terra prometida". Até que o menino Quenda agigantou-se e serviu Gyokeres no espaço com maestria. Na profundidade, o Vik Thor ganha artes de Neptuno e nada nem ninguém o pode parar. Resultado: 1-1.

 

O intervalo chegou e com ele a sensação de que o resultado era muito melhor do que a exibição. Mas estávamos dentro do jogo, e assim tudo ainda era possível, o sonho continuava presente e à espera de ser vivido. A verdade é que o jogo reatou-se e o nosso Aladino logo soltou o Pote Mágico, libertando o primeiro de 3 desejos que viriam a ser concretizados na íntegra, deixando Kovacic nas covas e isolando Maxi - não um perna-de-pau qualquer, mas um Super Max(i) - na cara de Ederson. O uruguaio, que no primeiro tempo já havia liderado pelo exemplo, nunca se deixando intimidar e mostrando ganas de ser o primeiro a libertar-se do jugo inglês, não perdoou e pôs o Sporting na frente. Ainda não refeitos da pancada, logo os ingleses viram Trincão a isolar-se na direita. Em pânico, sem perceber o que, o como e o porquê do que estava a acontecer, Gvardiol atropelou-o na área. Subitamente, o City via-se em banho-maria no caldeirão do Panoramix Amorim, mais um exemplo de como um "pequeno" pode fincar o pé a um "grande" ou uma "aldeia gaulesa" se manter invicta face ao todo-poderoso "Império Romano".  Chamado a converter a penalidade, o Gyokeres recorreu à antiguidade clássica do engodo do penalty: guarda-redes para um lado, bola para o outro. De engodo se faz um bom argumento e este ainda estava longe de estar terminado. Eis então, no nosso melhor período, que do inferno do VAR cai um penalty desta vez a favor do City. Para marcá-lo o Haaland, o deus deies, aquele que na antecâmara do jogo suscitara nas TVs e redes sociais um condescendente "pois, o Gyokeres e tal, mas o Haaland é outra loiça...". Se o era, partiu-se, desintegrou-se naquela bola que saiu da marca dos 11 metros para malhar no ferro. Nesse momento, o Sporting ganhou o jogo, até São Tomé deixou de acreditar num qualquer outro cenário que não fosse a vitória leonina. Restava porém perceber por quantos. O City estava reduzido a cacos e nesse transe até um dos seus melhores jogadores no dia (Matheus Nunes) perdeu a compostura e não cedeu à tentação de cometer mais um penalty. Era o descalabro, o desgoverno de uma equipa que não entendia o que acontecia no campo, como se tivesse sido atropelada pelo autocarro que em tempos Amorim dispusera no relvado, antes de lhe ligar a ignição e de inerte ganhar vida. Desta vez o Gyokeres quis que o Ederson adivinhasse o lado e conhecesse os limites da sua própria elasticidade, colocando a bola com a força e pontaria necessárias a que os esforços do brasileiro fossem vãos e inglórios - uma maldade. Estava feito o resultado final de um jogo que foi como uma Marioshka, ou seja, teve vários jogos dentro de si. Como o jogo entre o futuro treinador do United e o actual do City. Ou o duelo particular entre Gyokeres e Haaland, que também terminou com 3 golos de diferença. 

O Homem sonha, a obra acontece. Venha o Braga! Depois, se "o rei está morto", "longa vida ao novo rei". Muito obrigado por tudo, mister Amorim, boa sorte, mister João Pereira!!! Deixem-me sonhar...

 

"Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa está, por assim dizer, morto; os seus olhos estão apagados." - Albert Einstein

 

Tenor "Tudo ao molho...": Vik Thor Gyokeres. Menções honrosas: Israel, Maxi, Pote (para Martinez ver), Trincão, Quenda e todo o sector defensivo (como entrou bem o Quaresma!)  

c3333333333333ity2.jpg

30
Out24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O Aníbal Amorim


Pedro Azevedo

Aníbal ficou conhecido tanto pelos seus brilhantes dotes de estratega quanto pelos seus elefantes. Todavia, com o caminho aberto para o triunfo (entrada em Roma), optou por mudar de ares, decisão que ainda hoje é considerada como controversa. Em consequência, acabou derrotado. Aquilo que Amorim se propõe fazer agora é semelhante, não deixando de ser figurativamente paradigmático da sua acção que tenha afirmado o seu desejo de retirar o elefante da sala. O problema é que o elefante foi para as bancadas, e agora os Sportinguistas estão de trombas. O ambiente sombrio que se viveu ontem em Alvalade assim o demonstra. A vida de um Sportinguista é do car(t)ago!!!...

A primeira parte do jogo evidenciou um conjunto de hesitações e de desligamentos de ficha que há muito não se viam numa equipa do Sporting. O choque está a ser grande e isso reflectiu-se em menores alegria e concentração. Foi então necessário recorrer a Gyokeres. O sueco não tem estados de alma. Na sua essência, ele é um elefante que, espera-se, não venha a ser retirado das salas de espectáculo onde actue o Sporting. E logo começou a causar estragos na porcelana nacionalista. Primeiro sacando um penalty, depois destruindo "à bomba" a última resistência insular, de forma livre e directa.

 

Os próximos dias dirão se Amorim vai apanhar o avião. A fazê-lo, talvez mais tarde (Janeiro) chegue um outro avião, esse de carga, para a viagem do elefante para o mesmo destino do seu treinador/adestrador, um enredo saramaguiano que permanecerá no sub-consciente de cada Sportinguista até ao início do novo ano. 

E nós? A gente vai continuar. Que remédio !...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Vik Thor Gyokeres

exit.jpg

29
Out24

Amorim deve continuar


Pedro Azevedo

A ida de Ruben Amorim para o Manchester United, a concretizar-se neste momento, será um "loose-loose" para ele e Sporting. Primeiro, porque o Man Utd é presentemente um cemitério de treinadores, um clube sem uma estratégia de longo prazo e cujas vagas de contratações são como espuma de ondas que prometem muito até rebentarem com estrondo e assim morrerem na praia. Nesse sentido, é impossível não ver um nexo de causalidade entre o recrutamento de Cristiano Ronaldo e agora a preferência por Ruben Amorim, como se o objectivo fosse apenas o de antecipação ao rival da cidade, o Manchester City, agora que Viana já está certo em Maine Road e Guardiola não é seguro que continue. Ora, todos sabemos como acabou o folhetim Ronaldo em Old Trafford...

 

Para o Sporting, a saída prematura de Amorim, agora que ultrapassámos apenas o primeiro quarto do campeonato, também não seria nada boa. A equipa está muito mecanizada no sistema de jogo que o treinador aportou a Alvalade e embora tal pudesse ser replicado com João Pereira, por exemplo, o carisma e a facilidade de comunicação demonstrados por Amorim dificilmente seriam clonados, assim como os graus de liberdade para a formação do plantel de acordo com as ideias exclusivas do treinador seriam necessariamente diferentes. Acresce que Ruben assumiu no Marquês perante os Sportinguistas o desafio de ganhar o bicampeonato e posteriormente zelou pela manutenção dos principais activos, pelo que a sua saída prematura soaria como uma traição face a um objectivo/compromisso com que Amorim quis propositadamente marcar a agenda leonina para 2024/25.

 

Não sendo de desprezar, obviamente, a ambição do treinador de treinar na Premier League, algo que ficou bem claro e patente aquando do interesse de Liverpool e West Ham, o timing para ele não será o melhor. Desde logo porque terá de esperar por Janeiro para adequar o plantel do United às suas ideias, depois também porque esse reforço poderá passar pelo desfalque do clube que o catapultou para o estrelato. Por todos os motivos, seria mais lógico e prudente que Amorim fizesse essa opção no verão, saindo de Alvalade pela porta grande e dando tempo ao clube para organizar o seu mercado. Mesmo o atractivo de pegar num clube na mó de baixo, correntemente décimo quarto classificado na Premier, não me parece ser sedutor o suficiente. Porque dificilmente Amorim terá a autonomia, poder de decisão e respaldo da administração que tem em Alvalade e ainda terá de contar com alguma desmotivação dos jogadores do United agora que o objectivo principal da época parece perdido e mesmo a qualificação para a Champions se afigura muito complicada. E isso será um risco muito sério, passado o efeito positivo que uma chicotada psicológica sempre tem nos primeiros tempos. 

Claro que Amorim estará agora a pensar que há comboios que não param duas vezes, mas também deverá reflectir se para a sua carreira será melhor apanhá-lo na gare de origem ou num qualquer apeadeiro. Especialmente num clube com tantas estações em que há sempre alguém com vontade de entrar, o que suscita um arranca-e-para cíclico que não permite que se anda à velocidade de um TGV. 

 

P.S. O ciclo vicioso do United pós-Ferguson não é novo: após a saída de outra figura marcante do clube (Sir Matt Busby), o Man U esteve 26 anos sem ganhar o campeonato inglês. E mesmo Ferguson necessitou de 7 anos para vencer, manutenção no cargo que só foi possível porque tinha créditos acumulados pela conquista da Taça dos Vencedores das Taças no Aberdeen (final contra o sempre poderoso Real Madrid). Ora, o último título de campeão do United data de 2013 e desde aí já por lá passaram 7 treinadores...

skysports-ruben-amorim-manchester-united_6731455.j

27
Out24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

La vie en rose


Pedro Azevedo

De um Evangelista espera-se que proclame a boa nova. Assim foi com Mateus, João, Lucas ou Marcos. O Armando quis seguir-lhes os passos, mas o Gyokeres ditou-lhe um novo testamento.

 

Em Tractatus Logico-Philosophicus, Wittgenstein descreve que uma proposição é tão figurativa da realidade quanto uma maquete o é de um edifício. Ora, se o Leitor se recorda, na minha última crónica eu já havia anunciado ser impossível parar Gyokeres dentro da legalidade. Ontem voltou a provar-se que tal proposição é representativa da realidade: assim como um pai que faz girar o filho numa roda de um parque infantil, empurrando ora num sentido, ora noutro, o Gyokeres deixou um defesa fanalicense almariado. De seguida, não deu hipótese ao guarda-redes. Para o Gyokeres, é tão fácil como brincar com meninos. Estava aberto o marcador em Famalicão. Depois, o miúdo Quenda fez-se grande e tornou-se o mais jovem jogador da história do Sporting a marcar na Primeira Liga. Não querendo ficar atrás, outro produto da nossa Formação (Inácio) fechou a conta.  

Se o verde original do nosso equipamento representa a esperança, ontem em Famalicão vimos "La vie en rose": 9 jogos, 9 vitórias, primeiro lugar isolados no campeonato. E a águia nem pia(f)...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Gyokeres

 

23
Out24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Não negar uma ciência que se desconhece


Pedro Azevedo

Com as atenções mais recentes viradas para o Ministério das Infraestruturas - a questão dos autocarros estacionados e assim... - , pouco relevo vinha sendo dado ultimamente às baixas no nosso Ministério da Defesa. Todavia, elas existem, como se comprovou ontem quando o nazareno (Esgaio) realizou o milagre de jogar a central pela direita. E não o fez nada mal, se exceptuarmos aquela ocasião, na primeira parte, em que se viu ultrapassado por um Boving 737 com o número 15 no dorso e a voar baixinho. 

 

Muita gente ignora que os seres vivos presentes num rectângulo de jogo não se circunscrevem a jogadores e árbitros. Há mais, e não estou a falar da bola, por muito que ela às vezes pareça ganhar vontade própria. Refiro-me, obviamente, à relva. Ora, se, aquando da visita a Eindhoven (PSV), a relva quis avidamente engolir os jogadores do Sporting, em Klagenfurt (casa emprestada do Sturm Graz), provavelmente devido a uma qualquer má digestão (de adubos), regurgitou. Em consequência, os tufos que se soltaram da sua superfície foram durante a maior parte do tempo o maior obstáculo às intenções de mister Amorim, porque de resto os austríacos não pressionaram alto, limitaram-se a esperar a chegada do Sporting e assim não constituíram propriamente um grande óbice aos avanços do leão também no marcador:  se no primeiro golo (Nuno Santos, assistido por Geny), o Gyokeres "limitou-se" a servir um daqueles apoios frontais que sempre executa na perfeição a um só toque, no segundo brindou-nos com um número à Ronaldo "Fenómeno" dos tempos de Barcelona, conciliando agilidade e jogo de cintura com força e velocidade, num mix de características que começam num lutador de capoeira, passam por um primeiro centro de rugby e acabam inevitavelmente num grande jogador de futebol. 

 

Os últimos meses têm trazido para cima da mesa o debate sobre como parar Gyokeres. Treinadores no activo ou no desemprego, jornalistas com ou sem carteira, analistas de mais ou menos laboratório, todos vêm expressando o seu douto parecer. E é cómico, porque na verdade pouco ou nada há a fazer: se esperas por ele, a tua inércia é vencida pela sua potência; se tentas antecipar, ele roda o corpo e logo dispara no sentido da tua baliza. Pelo que a única forma de o parar é a tiro de caçadeira, mas isso duvido que possa ser publicamente tolerado, ministrado nos cursos do senhor José Pereira ou advogado em programas televisivos daqueles que fazem a Alcina Lameiras, com o lenço na cabeça e a bola de cristal, parecer uma inocente imberbe na arte da cartomância. Eu estou como a Alcina e não nego à partida uma ciência que não conheço: a robótica sueca que desenvolveu este Exterminador Implacável. Fim de emissão!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Gyokeres (pelo golaço!!!). Menções honrosas para Israel, Debast, Inácio e Hjulmand

golo sg .jpeg

22
Out24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

We try Harder


Pedro Azevedo

O jogo de Portimão provou que o staff técnico do Sporting precisa de ser urgentemente reforçado. Não, não se trata da necessidade de contratar mais um adjunto, médico ou fisioterapeuta, o que Amorim precisa mesmo é de um perito em linha de montagem/desmontagem de autocarros, de um operário da Auto-Europa ou assim. 

Em rodagem para tentar compreender este novo requisito do futebol português, na sexta-feira o Sporting foi visitar a Empresa de Viação do Algarve (EVA), cujos autocarros se encontravam estacionados em Portimão. Ou não se tratasse da Eva, a falta do tal operário qualificado fez-se sentir qual pecado original, o que inviabilizou a desmontagem dos referidos autocarros. Como último recurso, recorreu-se então a uma "grua" oriunda da Dinamarca, que a custo lá removeu os autocarros. Já se sabe, não se fazem Hamlets sem ovos e este príncipe nórdico (Harder) foi chocado para vir a ser o delfim do rei Gyokeres. No fim, chocados ficarão os nossos adversários, que, com o Conrad, "We Try Harder". 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Conrad Harder

hard.png

23
Set24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

It's getting Harder


Pedro Azevedo

Havia várias hipóteses para o título desta crónica. Por exemplo, "O amor é fogo que Harder sem se ver", além do trocadilho armado ao chico-esperto, dar-lhe-ia o elo emocional da paixão que caracteriza a ligação dos adeptos ao clube. Porém, Camões e os seus contemporâneos desconheciam que o metanol também arde sem se ver, o que poderia ser redundante. Além de que em tempo de calamidade provocada pelos incêndios, de homenagem aos bombeiros e de solidariedade com todos os que perderam a vida ou bens materiais (neste último caso, como a D. Maria Elvira, ontem pela primeira vez no José Alvalade), qualquer referência associada a fogo, ainda que puramente metafórica, poderia ser visto como de mau gosto. Depois, pensei em "We try Harder", um toque internacional num clube com nome próprio inglês e apelido Portugal. Mas é um slogan bem conseguido da Avis e eu não quis confundir entradas de carrinho com alugueres de automóveis. Foi então que me surgiu o "It's getting Harder" (para os futuros adversários, claro, já consumidos pelo "pesadelo" Gyokeres e na iminência de levarem com um clone). Sem prejuízo de que a Pfizer possa ter encontrado aqui um reclame e um rosto para aquele produto que dilata o fluxo sanguíneo de um certo órgão que não o da igreja, embora já se tenha ouvido o órgão e o sino a rebate de igreja por causas relacionadas com mortes em que o falecido utilizador se apresenta de coração cheio e um sorriso na boca. 


Ontem, o Sporting jogou contra um clube que ninguém sabe exactamente como se chama e poucos têm a noção de onde mora. É verdade, nas televisões oscilam entre chamar AVS ou AFS a este clube com nome de empresa feita no hora (nomes como "Universo Lúdico", "Vibrante e Radiante" ou "Transverso Litoral" não deveriam estar disponíveis). "It's sad!" - diria algum inglês com disposição para a ironia... Mas há mais!!! É que esta SAD liderava um clube de Vila Franca e agora migrou para Aves, a 320 Km de distância. Será que os seus adeptos vilafranquenses são basculantes e gastam 6 horas (ida e volta), duas vezes por mês, para acompanhar a equipa? Ou pensam que isto assim é uma tourada, e para tourada toda a gente sabe que não vale a pena sair de Vila Franca? 

Sem Pote e sem Edwards que o substituísse, Ruben Amorim optou por "lançar Conrad Harder às feras". Quer dizer, fera é o Harder e por ser leão mais ainda, mas isso ainda estava no segredo dos deuses (do Scouting). Não tardou porém a não ser segredo para ninguém, nomeadamente para os jogadores daquela coisa (com nome) em forma de assim (ou assado) - obrigado, O'Neill -, que doravante não pararam de suar as estopinhas. Pelo que não tardou a sentir-se a influência do dinamarquês: primeiro, num remate de pé esquerdo que inaugurou o marcador; segundo, numa assistência para Gyokeres que dilataria o resultado, após um inicial desarme de Hjulmand (uma verdadeira invasão Viking à área do... "coiso"). 

Se o Harder deu o mote, logo o Gyokeres não quis ficar atrás. Marcou o segundo golo da noite e desatou a correr como se não houvesse amanhã e eternos fossem o seu coração e alvéolos pulmonares. Ora, quando o sueco está nesse modo, o que acontece dia sim, dia sim, o melhor é saírem da frente. A sorte do... "coiso" foi que o árbitro também pareceu ser feito na hora, primeiro não assinalando um penalty por braço na bola na sequência de um cabeceamento de Harder, depois negando duas faltas perigosas cometidas sobre o nosso Vik Thor. Ainda assim, pelo meio, o Gyokeres teve tempo para amortecer a bola no peito para o Trincão e depois fazer um sprint para agradecer a recepção e disparar um tiro indefensável até para o mítico Ochoa que defendia a baliza da "instituição", algo que motivou um comentário bem-humorado ao excelente comentador que é o Pedro Henriques, que afirmou que "qualquer dia o Gyokeres marca um canto e finaliza ao primeiro poste". Porque o homem é omnipresente, um deus dos estádios. Tanto que pode não valer o preço de 100 milhões para o mercado, mas, para nós, o seu valor intrínseco é certamente muito maior. Quanto valem 3-4 temporadas na Champions e uma possível qualificação para o Campeonato do Mundo de clubes? E quanto ajuda o Gyokeres a valorizar o restante plantel? Ah, pois é !!! E já nem falo da valorização da marca Sporting como um todo...

 

Tempo ainda houve para Fresneda e Esgaio jogarem uns minutos e para Maxi mostrar ser um bom jogador. No fundo, houve tempo para tudo, menos para o... "coiso" chutar à baliza, cortesia da pressão dos jogadores do Sporting que tanto gosto deu certamente a Amorim (e a este adepto) ver. 

Mais uma vitória, liderança reiterada do campeonato, venha o próximo. Que será o Estoril... É para ganhar, com certeza, que não queremos "canarinhos na mina de carvão" que a imprensa logo trataria de criar para dizer que a este leão lhe faltou o oxigénio. 

Tenor "Tudo ao molho...": Gyokeres (Harder seria uma excelente alternativa). 

harder.jpg

18
Set24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Euclides, Higgs, Thor e o Cisne juntos numa rapsódia verde


Pedro Azevedo

O professor Manuel Sérgio, primeiro, e José Mourinho, mais tarde, defenderam em tempos a ideia de que quem só percebe de futebol, nada sabe de futebol. Pensei ontem nisso enquanto observava as movimentações do trio de ataque do Sporting: a  riqueza do futebol do Sporting deve muito à diversidade da sua linha avançada, que harmoniosamente mistura rectas e curvas, balanceando os ângulos rectos inscritos a alta velocidade por Gyokeres com as hipérboles e parábolas descritas por Pote e as espirais verticais desenhadas por Trincão. Não é só futebol, é também geometria euclidiana pensada e potenciada pelo professor Amorim na Academia de Alcochete e depois aplicada ao futebol. Porque o Rúben não percebe só de futebol, e por isso, ainda que aqui e ali errando como qualquer um de nós mas aprendendo com os erros mais depressa do que a maioria, sabe tanto de futebol. 

Para se entender como chegámos a este "estado de arte" é preciso primeiro perceber que temos um génio entre nós. Porque, se agora há um Gyokeres, que nos facilita bastante o cumprimento de multiplas tarefas, é forçoso não esquecer que tudo começou com Sporar. E, ainda assim, fomos igualmente campeões, conseguindo desse modo gerar os primeiros recursos financeiros que estiveram na origem de um crescimento futebolístico que nos trouxe aqui. Tê-lo feito com Sporar como ponta de lança, um homem tão avesso ao golo que simultaneamente capaz de desafiar o princípio da impenetrabilidade da matéria e de criar uma crise de ansiedade num monge tibetano, foi um perfeito milagre. Como milagre é o ser humano, quase 100% de vazio que submetido a um campo magnético liberta uma partícula dita de Deus (Bosão de Higgs) que faz com que o seu corpo se adere como uma tela esponjosa e ganhe uma massa. O nosso corpo sim, o de Sporar ("O Gozão de Higgs") não, daí a bola sempre ter insistido em lhe perpassar o corpo como se do vazio se tratasse e ele fosse somente um holograma. Pelo que para se entender o salto quântico que o nosso futebol deu, basta comparar esse Sporar com o actual Gyokeres... (Agora que tanto se fala virtuosamente sobre os nossos trios, de centrais, avançados ou mesmo Vikings, convém não esquecer que imediatamente antes de Amorim os trios eram tão mal vistos que um deles até passou à história como "Os Três Tristes Trincos".)

 

Ontem recebemos o Lille, o clube mais emblemático da cidade com o mesmo nome que era a capital da antiga região administrativa de Nord-Pas-de-Calais, a mesma que ostentava um leão rampante como símbolo. Havia portanto algum irmandade, ainda que remota, entre Sporting e Lille, e não apenas no que concernava ao idêntico sistema táctico usado por ambas as equipas. 

O Sporting entrou no jogo como um caloiro no primeiro dia de aulas, reservado e assim procurando não dar muito nas vistas. Mas é impossível disfarçar um "elefante numa loja de porcelana", pelo que cedo Gyokeres deu sinais de não estar cómodo com o status-quo. Daí até ao intervalo, Vik Thor Gyokeres não parou de fazer estragos: primeiro assistindo Pote na cara do golo, depois com um passe de chicuelina que tirou 3 adversários do caminho e culminou com um tiro indefensável que inaugurou o marcador, finalmente provocando a expulsão de Angel Gomes, filho do Gil que foi campeão do mundo de juniores por Portugal, em Lisboa. 

Em vantagem no marcador e a jogar em superioridade numérica, o Sporting foi trocando a desconfiança pela crença, paulatinamente regressando ao tipo de jogo que vem caracterizando o início desta época. A pressão a meio campo finalmente tornou-se efectiva e houve então espaço para as arrancadas fenomenais de Gyokeres. Numa delas, a bola sobrou para Bragança, que ao intervalo substituíra o amarelado Morita (um amarelo num amarelado nipónico só por si já seria redundante, pelo que o Amorim assustou-se e evitou vermelho ficar... de raiva). O Daniel então tocou para o lado e o que aconteceu a seguir mereceria uma crónica à parte: Debast, patinho feio na Supertaça, foi o cisne que cantou o fim dos franceses, para tal recorrendo a uma raquetada na bola, qual Passing-Shot, que deixou Chevalier pregado no chão enquanto a bola se anichava no ângulo superior esquerdo da sua baliza. 

Até ao fim do jogo, Quenda e Gyokeres poderiam ter ampliado o marcador, ambas as tentativas goradas por "péquenos" pormenores: o pé trocado do jovem da nossa Formação e o pé milagroso de um francês que milimetricamente desviou o remate do sueco do alvo. Tempo ainda para Israel brilhar, cortesia do seu compatriota Maxi que ainda não teve tempo para ler o guião completo que dita as linhas com que se cose o fio de jogo do leão. 

Sem ser brilhante, o Sporting entrou com o pé direito nesta edição da Champions. Seguem-se 2 jogos fora que é imperioso ganhar, no Phillips Stadium (Eindhoven) e em Graz. Depois, a confirmarem-se essas vitórias, todos seremos José Torres a reclamar que nos deixam sonhar. Sim, sonhar, a forma natural de contornar a velha máxima de Ortega y Gasset, de que "O Homem é o Homem e as suas circunstâncias". 

Tenor "Tudo ao molho...": Vik THOR Gyokeres

debast.jpeg

16
Set24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O Limão-Mecânico


Pedro Azevedo

IMG_3446.jpeg

Após o interregno necessário para o senhor Martinez (e todos os outros "senhores Martinez" das diversas selecções, ainda que na sua grande maioria muito menos bem renunerados) amortizar em trabalho de campo, e, no caso particular, na recuperação de salvados, uma pequena parte da bagatela dos 4 milhões de euros brutos anuais que a imprensa dá conta de ser o seu salário, regressou a Primeira Liga. O Sporting, líder do campeonato, visitava Arouca, pelo que o tema da semana andou à volta de como se poderia parar Gyokeres e, por conseguinte, o Sporting. O assunto logo à partida não mereceria o ruído que se fez à sua volta, pelo simples facto de que a única forma de evitar que Gyokeres faça estragos ser assegurar que ele fique em casa (e, ainda assim, acorrentado, pelo sim, pelo não...). Além de que levantava um problema: se todos os recursos tivessem de ser alocados ao sueco, que estragos poderiam fazer Pote ou Trincão? No fundo, a velha história da manta curta que ao cobrir os pés destapa a cabeça.  E foi exactamente da cabeça de Pote que nasceu o primeiro golo dos leões, em lance principiado por Gyokeres e continuado por Trincão. Confúcio um dia disse-nos que se um problema tem solução, então devemos concentrarmo-nos na solução, mas, se o problema não tiver solução, nesse caso não haverá razão para nos preocuparmos. Como o problema não tinha solução, os arouquenses iam trocando a bola desde trás, à espera que depois um milagre colocasse a bola num local promissor para um dos seus avançados facturar, mas Cristo foi ser profeta para outra freguesia (Arábia Saudita) e sem ele não houve o milagre da multiplicação dos lances ofensivos arouquenses. Nesse transe, o Sporting foi pressionando cada vez mais o Arouca, asfixiando o seu adversário: um auto-golo a nosso favor foi anulado pelo VAR por uma margem que seria desprezível para o John Holmes. Mas o que o VAR tirou com uma mão deu com a outra, mais uma vez na sequência de uma cabeçada de Pote que embateu num dos membros superiores do japonês Fukui. Chamado a converter, o Vik Thor Gyokeres mandou o guarda-redes para o vazio e a bola na direcção dos 3 pontos. Para o trabalho dos 3 Mosqueteiros ficar completo, só faltava Trincão molhar o bico: eis então que Gyokeres serviu um apoio frontal a Bragança e este logo meteu a bola em Trincão. O que aconteceu a seguir foi um momento de pura magia, em que dois arouquenses procuraram fechar o espaço e o ex-culé não lhes deu tempo, concluindo de forma indefensável. 

A mecanização do futebol do Sporting tem sido insustentável para os nossos adversários. Qual Limão-Mecânico, as rotinas de jogo do leão são altamente aromatizadas e vêm--se revelando amargas para os nossos sucessivos opositores, que têm sentido que a nova pele do leão tem casca dura e é bem difícil de roer. Segue-se o Lille, e com ele a possibilidade de internacionalizar este limão português que em boa hora Amorim desenvolveu num limoeiro mágico sito em Alcochete, local onde não se anda (ainda) propriamente a ver passar os aviões. 

Tenor "Tudo ao molho...": Francisco Trincão 

01
Set24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

São Gyokeres contra o Dragão


Pedro Azevedo

IMG_3401.jpeg

A percepção muitas vezes não corresponde à realidade. Umas vezes porque está errada, outras porque a própria realidade está prestes a mudar (e a percepção só reage após o facto consumado): na antecâmara do jogo, o Sporting ia defrontar um treinador invicto de um clube da cidade invicta, uma espécie assim de invicto ao quadrado, que de sinergias se espera um efeito multiplicativo e não só a soma das partes - Essa era a realidade. Depois, entrava a percepção: a de que o Porto seria imbatível, que "Não há duas sem três" e os últimos 2 jogos haviam pendido por sortilégio para eles, o último de forma particularmente insólita e, pensava-se, traumatizante. Tal alimentava a lenda, o mito do dragão. Só que a essa percepção faltou um elemento: São Gyokeres. Igualmente lenda, no caso da mitologia leonina, este Gyokeres não veio da Capadócia e logo demonstrou não ser súbdito romano pela forma como desmontou um adversário com nome de imperador (Otávio). Mas foi ele que primeiro apontou a lança ao pescoço do dragão e depois matou as suas aspirações, criando assim uma nova realidade. 

 

O Porto começou forte, confiante no seu tiki-taka a meio campo, seguro da sua superioridade numérica nessa zona nevrálgica do campo. Mas depois o Sporting foi apertando as marcações, reduzindo os espaços, enlaçando o Porto num torniquete que só estrategicamente em alguns momentos se aliviava. Morita comandou essa revolta leonina, bem secundado pelo estratega militar de Ruben Amorim, o Pedro Gonçalves, o popular Pote, um mártir ou Santo Contestável (às mãos de Roberto Martinez), um rapaz proveniente da República do Alto Tâmega e recém-naturalizado (desde Sexta-feira) português. Com o decorrer do tempo, contida a aventureira epopeia portista, os dois, com o imprescindível apoio de Gyokeres, foram também encontrando os espaços no ataque e criando oportunidades para os colegas. Trincão, o jogador que para ser compreendido não dispensa a consulta do almanaque Borda d'Água, desperdiçou a sementeira e nada colheu. E fomos para o intervalo empatados, num jogo de futebol que bastas vezes imitou outros desportos: houve jogadas em cabines telefónicas que replicaram o futsal e a placagem de Varela sobre Trincão teve resquícios de rugby, vela (Trincão ia à bolina quando levou com a retranca portista) e bowling (no fim, três pinos no chão). 

O Gyokeres ameaçou no início do segundo tempo: o argentino Varela negou-lhe o golo em cima da cal que divide o sucesso do inêxito. O sueco voltaria à carga num lance em tudo idêntico ao duelo com Otamendi da época transacta: Otávio não se conteve, quis igualmente adivinhar a charada antes do tempo, falhou e ficou de fora. A emenda subsequente foi pior que o soneto: penalty, cartão amarelo e 1-0 para o Sporting. [O Gyokeres parece que voa baixinho sempre que perto de si há um(a) OTA.]

 

A partir daí o Porto só poderia voltar ao jogo através de uma bola perdida na área ou cabeceamento mortal. Consciente disso, o Vitor Bruno ainda lançou o Fran Navarro e o gigante Samu, mas a defesa de anti-aérea dos leões mostrou-se impenetrável à medida que o jogo caminhava para o fim. Com o tempo a escoar-se, espaços nas costas portistas apareceram com mais frequência. Bola então para o Geny bolinar a partir da direita e rematar com a canhota: o Diogo Costa lançou-se, esticou-se, cresceu em envergadura mas não o suficiente para parar o que não tinha defesa. O Estádio quase veio abaixo, a vitória seria nossa e já nada a poderia impedir. Agora será tempo de seleções. Entretanto, a liderança (do campeonato) assenta-nos muito bem, real e percepcionadamente. 

Tenor "Tudo ao molho...": Gyokeres (o "Vitór")

25
Ago24

Tudo ao molho e fé em Gyökeres

Entre o neo-realismo de Gyokeres e o existencialismo de Edwards


Pedro Azevedo

IMG_3399.jpeg

Por motivos logísticos, essencialmente relacionados com a capacidade de armazenamento de golos, o Farense trocou o acanhado São Luís, em Faro, pelo mais amplo Estádio do Algarve, em Loulé. E o que se pode dizer é que as previsões farenses bateram certo porque Gyokeres e companhia só por uma ocasião (auto-golo) deixaram os seus créditos por mãos alheias (no caso, uma cabeça). 

Cedo a vertigem de passe e repasse Sportinguista, em progressão constante, deixou os algarvios almareados. E foi com esse enjoo que viram Gyokeres, uma e outra e ainda outra vez, abanar as redes de Ricardo Velho, que por acaso até é jovem, qual espécie de Plínio dois-em-um, ou não tivesse ele revelado a sabedoria para ser eleito o melhor guarda-redes da Primeira Liga da temporada 2023/24 ou sido suficientemente crítico da extravagância a ponto de evitar que os números finais tivessem de ser representados em potência de base igual a 2 e expoente igual a 3. 


Como em qualquer bolo bem confecionado, faltava a cereja no topo. Eis então que surgiu Edwards, O Existencialista. E lá pegou na bola a meio campo, naquele seu estilo sisudo, de quem se questiona sobre de onde veio e para onde vai, o que faz aqui, e nesse jeito vai procurando respostas pelo caminho. No fundo, alguém que no seu existencialismo se opõe a um Camus, que escolheu a solidão de dois paus e de uma barra para melhor chegar a conclusões (foi guarda-redes de uma equipa argelina). Bom, a verdade é que o Edwards deve ter encontrado respostas e com isso formulado uma tese. E como, para seu conforto, do lado dos algarvios não apareceu nenhum discípulo de Hegel capaz de apresentar uma antítese, foi andando e tirando adversários do caminho até marcar o golo. Uma jogada Maradoniana na sua forma, à qual não faltou conceptualmente a mão de Deus que despertou Edwards da sua letargia e lhe iluminou o caminho. 

3 jogos, 3 vitórias, 14 golos marcados e finalmente uma "clean sheet ", haveria melhor maneira de com confiança preparar o Clássico que aí vem? 

Tenor "Tudo ao molho...": Gyokeres. Menções honrosas para Morita, o maestro, e Quaresma, um outrora obscuro subsecretário de estado que se propõe para Ministro da Defesa. 

26
Mai24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O sobe e desce do Elevador de St Juste


Pedro Azevedo

IMG_3246.jpeg

(Pela sombra projectada por guarda-redes e bola, parece-me golo.)

 

Potemkin, Trincone e Santorini estão em campo. Homessa (ou será Odessa?), Potemkin beija a bola e marca um canto a que St Juste corresponde com uma cabeçada indefensável para Diogo Costa. Na Tribuna, pálido e com os olhos embaciados, Bob lamenta a sua sorte: infelizmente, o ucraniano, o italiano e o grego têm em comum não serem elegíveis para a nossa Selecção, e Martinez sente-o com uma grande desolação. Ao seu lado, Fernando Gomes pocura animá-lo, consolá-lo de tanto azar, mostrando-lhe o outro lado, o copo meio-cheio, a oportunidade de com Chico Conceição internacionalizar o arraial tuga ou com Pedro Neto promover o nosso Serviço Nacional de Saúde, para não falar do efeito positivo para a nossa balança comercial (e orgulho luso) de exportação de um agora beduíno, recém-naturalizado, de faca permanentemente nos dentes, como contraposição aos nómadas digitais que anualmente de mansinho invadem o nosso país e nos encarecem o custo de vida. Bob parece ganhar de novo cor, ao visualizar o seu papel nessa exótica mostra europeia. Sedento de partilhar essa visão, logo se apressa a ligar ao Horta. 

 

Enquanto isso, no relvado, Potemkin lidera a rebelião Sportinguista contra os czares que dominam o futebol português. Mas o Porto começa a pôr a bola nas costas dos centrais do Sporting e Geny, com os apoios trocados, amortece-a em forma de assistência para Evanilson. Pouco depois, St Juste, que marcara um golo inesperado, falha onde não é expectável: é ultrapassado em velocidade por Galeno e depois abalroa-o à entrada da área. O árbitro ainda dá penalty, depois revertido pelo VAR, mas o holandês não se livra da expulsão e o Sporting de ficar a jogar com 10. Quaresma, que deveria ter sido titular e acabou por ser o melhor dos nossos, entra, mas sai Morita e não um interior e com isso o Sporting entrega o jogo ao Porto. 

 

O que se segue são vagas constantes de ataque do Porto que só Quaresma e/ou Diogo Pinto vão conseguindo repelir. O jogo, de sentido único, vai para prolongamento. O Porto nada consegue fazer do lado direito da nossa defesa, mérito indiscutível de Quaresma, mas no flanco oposto Chico Conceição cria sucessivo perigo. Até que chega mais uma previsível bola nas costas do nosso lado esquerdo e Diogo Pinto primeiro hesita e quando sai da baliza abalroa Evanilson. Penalty e 2-1. Até ao final o Sporting ainda esboça uma reacção que fica à porta da rulote onde o VAR bebe a essa hora umas bejecas, pelo que o resultado não sofre alteração. 

 

Vitória justa do Porto, hoje claramente a melhor equipa, com José Pedro como o melhor homem em campo em virtude de ter secado Gyokeres. E assim a dobradinha não veio para Alvalade, o que em matéria de culinária nos põe em inferioridade com um Porto sobejamente conhecido pelas tripas e um Benfica que há muito se alimenta da mão de vaca (quando não de Vata). 

 

Enquanto os portistas já festejam nas imediações do Jamor, Bob abandona o estádio. Não evita porém uma última paragem no seu gabinete na sede da Federação, antes do regresso a casa. Com nostalgia contempla a sua secretária de trabalho. As viagens pelo mundo haviam-lhe trazido mais olheiras do que propriamente actividade de olheiro. O cansaço inerente a um jogo a cada 3 meses deixara-o exausto. O que vale é que para arrepio de algum esgotamento já tinha a convocatória para o Euro pronta mesmo antes de aceitar o cargo de seleccionador em Portugal. Era então chegado o tempo de tirar umas férias. Consulta o mapa e escolhe. Destino: Alemanha. Liga o piloto automático, que é como quem diz, ao Cristiano Ronaldo e ao Bruno Fernandes, e marca a viagem. 

 

Boas Férias (de bola) !!!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Eduardo Quaresma (por uma milha de diferença)



19
Mai24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Festa real em placebo de jogo


Pedro Azevedo

Há jogos de campeonato de fim de época que não estão no calendário para serem jogados, antes são para despachar o mais rapidamente possível a fim de dar lugar à festa. Uns porque são campeões, outros por garantirem a Europa, alguns por obterem a melhor classificação ou recorde de pontos, a maioria por se manter na Primeira Liga, no fim muitos clubes têm motivos de comemoração. Pelo que o jogo em si deixa de ser o prato-forte e passa a ser um aperitivo, um "amouse bouche" que prepara as papilas degustativas - fazendo crecer "água na boca" - do adepto para o que virá a seguir.  Um jogo assim não é para ser levado a sério, como sério não é o VAR intervir em lances de interpretação do árbitro - puxão do braço de Trincão por Vasco Fernandes ou pretensa falta discutível de Coates - ou não ser dada a compensação devida por inúmeras paragens de jogo. Enfim, uma brincadeira em forma de jogo e um árbitro em forma de assim, em consonância. Com uma excepção: Viktor Gyokeres. O homem que não sabe brincar, na observação acutilante de Neto, um dos nossos capitães e voz sábia e filosofante no nosso balneário, que ontem se despediu de nós. Por isso vimos o sueco à beira de uma apoplexia de cada vez que o jogo tinha uma interrupção e quando foi dado o tempo extra. Porque ele quer sempre mais, tem fome de mais: mais golos, mais assistências, mais correrias, mais suor na camisola. E de gente assim se fez o campeão. (Ou como um "underdog" à partida é à chegada um CÃOpeão, importante escalada numa cadeia alimentar onde não faltam as piranhas.)  

 

Se o jogo foi uma brincadeira, os números de stand-up comedy entre o árbitro anafadito e o inefável VAR Rui Costa foram o ponto alto da diversão: as caretas, hesitações e falta de convicção geral de Manuel Oliveira de cada vez que foi chamado a ver o vídeo constituíram um momento de humor a jeito do sketch "A Ponte da Morte" de "Em Busca do Cálice Sagrado", assim como teve alguma graça a rebeldia demonstrada aquando da expulsão de um flaviense que não foi ao VAR - "Não, não me voltarás a julgar", terá pensado o árbitro enquanto fazia alegadamente ouvidos moucos ao Costa que o azucrinava no auricular pela quarta vez durante a primeira parte. Pelo que o jogo valeu essencialmente por dois momentos característicos de van Basten, curiosamente interpretados por 2 diferentes jogadores: a rotação de costas para o defesa, de Gyokeres, na origem do segundo golo, e o pontapé em volley de Paulinho para o terceiro. No resto do tempo pouco se jogou, entre paragens para entrada do massagista e médico do Chaves, bombeiros, INEM, peritos de avaliação de sinistros e de cotação de salvados e análise das câmaras de vídeo-vigilância. (Ou como trocámos uma época com um ponta de lança que se associava com os companheiros por outra com dois pontas de lança em associação com o golo.)

 

Feitas, as contas, o Sporting terminou este campeonato com uma dezena de pontos sobre o proto-campeão Benfica e dezoito pontos acima do Porto, estabelecendo um novo recorde pontual do clube na competição (90 contra os 86 de JJ). Quem acompanhou a pré-época e leu os jornais da altura,  sabia que o campeonato seria um pró-forma, um caminho que serviria unicamente para glorificar e incensar o Grande Benfica, do Rui Costa e do Schmidt, do Di Maria, Rafa e Otamendi e do puto maravilha. Uma coisa em forma de pescada, que, antes de o ser, já o era. Só que não, o Rúben Amorim, o Gyokeres e todos os nossos não o quiseram assim. E embora perdendo de goleada na sondagem junto das cassandras apressadas, no fim levantaram o caneco. Seguir-se-ão a Taça e mais uma pré-época com o Benfica campeão. Depois, rolarão a bola e, quem sabe, algumas cabeças... A caminho do 25 !!! [À semelhança do ocorrido com as Ligas Experimentais, há sempre a hipótese de futuramente a Federação passar a considerar os títulos (de jornais) de pré-época do Benfica. Tudo em nome do PIB nacional, que, já se sabe, ninguém pára o Benfica e, portanto, Portugal.]

 

Tenor "Tudo ao molho...": Viktor Einar Gyokeres (who else ??)

bbb.jpg

11
Mai24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O Grande Ano


Pedro Azevedo

Caro Leitor, mais do que um leão, esta época em cada Sportinguista houve um ornitólogo. Um ornitólogo? - perguntará o Leitor. Sim, um zoólogo dedicado ao estudo aprofundado das aves. Senão vejamos: começámos por observar com sucesso uns gansos fora do seu habitat natural, largados em Rio Maior. Mais tarde, quisemos vê-los mais de perto, pelo que os desviámos de Pina Manique e atraímos até Alvalade. Acabámos por os classificar como espécie de... goleada. Seguidamente, contemplámos as águias, sempre muito furtivas, fanfarronas e com nomes como Vitória e assim. Precavidos, já sabíamos de cor os seus costumes e modos de vida. Para as controlar, enviámos um sueco perito em ornitologia, que logo tratou de as anilhar e lhes cortar as unhas. Para o efeito, bastou deixá-las pousar, que no nosso clube não resolvemos os problemas à chumbada e a única coisa que chumbamos mesmo são algumas práticas do futebol português. Com o sucesso desta missão, veio a festa. Que começou no Pombal, onde dezenas de milhares de Sportinguistas se reuniram a testemunhar, e chegou hoje ao lar dos canarinhos. Tudo isto depois de meses e meses a fio a vermos o Adán e o Israel a aviar frangos e perus... E já para não falar dos urubus do apito! Não é incrível? Pelo que nem Aristóteles ou "Plínio, o Velho", Pierre Belon ou Francis Willyghby, ninguém conhece tão bem as aves como um Sportinguista. 

Se um canarinho numa mina de carvão pode ser um sinal de falta de oxigénio, numa mina de ouro (para o imobiliario) como o Estoril é apenas um sinal de prosperidade. Pelo que lá fomos gozar a nossa prosperidade recente ao Estoril. Quem diz Estoril, diz canarinhos, diz Escrete, que é homófono de discreto, condição de quem não é pato-bravo, um tipo de ave diferente que gostaríamos que fosse pelo menos de arribação. Como andar na linha é coisa a que o Sporting se habituou desde a sua fundação, a ida à Amoreira foi como se jogássemos em casa. 

 

O jogo foi uma coisa em forma de assim, como diria o O'Neill. Quer dizer, não foi um jogo mas sim uma batalha. De wrestling. Nesse sentido, o Gyokeres foi várias vezes projectado ao chão pelo Pedro Álvaro e pelo Basso, que não é baço e pelo contrario tem maus figados. Quando não pegado de cernelha pelo Vital. Enquanto isso, do outro lado do campo, o João Marques batia por trás em tudo o que mexia. Paralelamente, o árbitro ia contemporizando, forma de procrastinação que se admite, que o dia era de sol e toda a gente sabe que o Estoril é Praia. Pelo que o jogo andou ali num rame-rame até que o Amorim trocou as pedradas para a área do Matheus pelos cruzamentos precisos do Nuno Santos. E chegámos ao golo, numa cavalgada do Gyokeres terminada com um passe no tempo exacto para o Nuno, que depois centrou para o espaço onde apareceu o Paulinho, também ele em campo há poucos minutos, a concretizar com o pé mais à mão - tempo e espaço, os fundamentos do futebol. Até ao fim, o Sporting esteve sempre mais próximo do segundo golo do que o Estoril do empate.

 

Depois do título da semana passada, agora concretizámos o recorde de pontos (87) do Sporting no campeonato. Pelo que para a semana o objectivo - todos os jogos têm de ter um objectivo, uma forma de motivação a fim da equipa não se perder em festejos e chegar muito relaxada ao Jamor - será atingirmos os 100 golos na competição, ainda que isso obrigue a marcar por 7 vezes a um já despromovido Chaves. Não será fácil, mas a acontecer daria um novo significado à expressão "guardado a sete chaves". 

 

Duas notas finais para a estreia de Pinto (Diogo), que talvez pela sua juventude não deu nenhum frango, e para o debute do menino Menino, o nosso André ao quadrado (Vitória), que no entanto parece já ter guia de marcha. Que um dia possa regressar em beleza!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Francisco Trincão. Nuno Santos e Paulinho seriam boas opções.

big year.webp

04
Mai24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Romeiro, quem és tu?


Pedro Azevedo

IMG_3238.jpeg

Num rigoroso exclusivo, "A Poesia do Drible" informa que esta semana o Amorim foi à Praça de Londres, tendo passado primeiro pela Avenida de Roma e depois pela de Paris, antes de entrar na Gago Coutinho, que como se sabe esteve intimamente ligado aos aviões e a travessias transatlânticas. Tudo isto oferece um sem número de possibilidades ao treinador, que toda esta actividade não foi inocente, embora tenha escapado ao radar do Correio da Manhã e seus trocadilhos tão inteligentes que capazes de fazer um homem são desejar falecer duas vezes. Pelo que desta vez o Amorim foi para fora cá dentro, o que, entre outras coisas, constituiu um bom tributo ao Turismo de Portugal. Ficam a aguardar-se outras iniciativas, como por exemplo uma colaboração com o Instituto de Socorros a Náufragos, que "há mar e mar, há ir e voltar", e sem ele o Sporting, além de orfão, é capaz de meter água. Enfim, algo deste género ou "uma coisa em forma de assim", que também é do O'Neill.

 

O que esta semana não deu notícia foi a seca de golos do Gyokeres. Quer dizer, a imprensa afecta aos donos disto tudo bem tentou criar um tema à volta de um não-assunto, como se o homem fosse latino e mortal e padecesse de estados de alma, mas ele é nórdico e semi-deus (Thor, filho de Odin) e ao puxar do martelo logo abriu um dique onde emergiu uma enxurrada de golos. Eu sei, o que a imprensa amiga do Glorioso queria dizer é que isto assim como está (no campeonato) é uma seca, mas puseram-se a jeito e acabaram por "pedir" chuva (de golos)... 

 

Na antecâmara do jogo, o mais desolado era o Paulo Sérgio. Então o homem anda há anos a pedir um Pinheiro, não se sabe se manso ou bravo, e em vez disso dão-lhe um Carvalho? Pelo menos esse é o nome que dão aos romenos no rugby, modalidade que o Paulo gosta de incutir no fio de jogo das suas equipas (tudo atrás da bola). Pelo que em Alvalade tivemos o senhor Va-si-li-ca, que é assim a modos de designação de pomada lubrificante. Fez jus ao nome: indicado para alguns deslizes, não fez muito atrito (com as bancadas), o que terá agradado à panfletária APAF. 

Como o Adán não estava em campo, o Paulo Sérgio não correu riscos de incorrer no pecado original e estacionou o autocarro da Eva. Com a inibição da Eva, procurando tapar a virtude (leonina), a primeira parte foi muita parra e pouca uva. Para tal também contribuiu o ninja Nakamura, que fez 4 defesas de grau de dificuldade muito elevado. Pelo que nesse período só marcámos por uma vez, cortesia de Paulinho após um trabalho perfeito de Nuno Santos. 

No segundo tempo o Sporting continuou a carregar e o Nakamura a defender. Até que o Paulinho teve uma jogada brilhante pela esquerda e o Trincão chutou raso e sem dar azo às artes marciais do Nakamura. 

O jogo estava praticamente ganho, mas eis que chegou o momento de fim de tarde: o Inácio meteu na área e o Bragança teve um momento globetrotter ou free-style, estilo foca do Zoomarine. Na ressaca, o Gyokeres aliviou a raivinha nos dentes e marcou o ponto. 

- "Romeiro, quem és tu ?

 - Ninguém !"
Este diálogo (e o seu autor), extraído de Frei Luis de Sousa, de Almeida Garrett, tem muito mais a ver connosco do que o Leitor possa pensar. Primeiro, porque mais "Viagens na minha terra" de Alcochete (e não no estrangeiro) é aquilo que queremos ver no Rúben Amorim, depois porque evoca D. João, um nobre que acompanhou D. Sebastião em Alcácer Quibir e regressou, irreconhecível, cerca de 20 anos depois. Como o Sporting, sebastiânico durante 19 anos e transfigurado desde que Amorim assumiu o comando técnico do clube. (Rúben, que tal criar um ciclo, uma dinastia? Vamos.)

Está quase, quase, quase...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho. Nuno Santos seria uma boa opção. 

29
Abr24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Once upon a time in the West Ham


Pedro Azevedo

Com a vitória sobre o... Vitória, o Sporting ficou muito perto do título de campeão nacional. A instabilidade anterior à entrada de Amorim em Alvalade pareceu longínqua no tempo e definitivamente erradicada, com os resultados tinha chegado a famosa tranquilidade com sotaquezinho espanhol (língua do nosso grande capitão Coates) que no passado, entre outros méritos,  até normalizara o risco ao meio do Paulo Bento. Até que aconteceu segunda-feira, não um dia a seguir a Domingo semelhante a outros 51 que ocorrem durante 1 ano, mas aquele em que Rúben Amorim apanhou um avião (o avião criou imediato desassossego, se tivesse sido visto em Tires a andar de bicicleta ou trotinete saberíamos que não iria longe). A caminho de Londres. Para ir tratar de presuntos, na zona oeste da capital inglesa. Confesso que não entendi o empolamento. Quer dizer, já todos conhecíamos a ambição europeia de Amorim, mas o meu receio foi que ele se tivesse metido num vôo para Estrasburgo, à boleia de ser cabeça de lista da AD para o parlamento europeu. Porque o mandato é de 5 anos. Mas não, felizmente não, tal como o Montenegro, eu confundi alhos com Bugalhos: o Amorim só tinha ido a Londres. E sobre o assunto não adianta serrar mais presunto (há um campeonato para vencer). Ainda se fosse um Pata Negra talvez valesse a pena, mas assim...

 

Bom, mas isso foi na segunda-feira, hoje o Sporting jogava no Dragão (Oeste por faroeste, antes o último, ainda por explorar). Pelo que lá fomos nós à procura do Henry Fonda e de outros mauzões, só que o Fonda já havia sido mandado para casa por uma multidão em repúdio através de um escrutínio popular. Como o Mau estava de fora, tomou-lhe o lugar o Vilão-Boas (mas isso é um outro filme). Não tivemos Bronson, o que (não) foi uma gaita, mas Cardinal(e) não estava na linha, o que deu para revitar distrações. Assim, ninguém ficou de beiço caído... Sem Bronson, o herói foi Gyokeres. Amorim ainda deu 60 minutos de avanço ao Porto, facto de que agora deverá estar arrependido. Foi um erro, uma asneira, ter Inácio fora de posição e uma ala esquerda coxa, assim como a ida de Diomande (desastrado) a jogo. Só que Gyokeres foi para dentro de campo, Quaresma também, Nuno Santos entrou à hora de jogo, todas as peças finalmente encaixaram e o Sporting melhorou imediatamente. Até lá, valeram Hjulmand e Coates, que evitaram o naufrágio e deram fôlego a Amorim para corrigir aquilo que estava errado. 

 

O jogo e a semana resumem-se numa frase/interrogação de William Blake: "Como saberes o que é suficiente, se não souberes o que é demais?". Amorim pisou o risco, teve uma dose dupla de aprendizagem e crê-se que tenha compreendido a lição. Ora, lição rima com campeão. E Portimão, cidade do próximo clube que nos visita. É para ganhar, claro, qual a dúvida? Somos o Sporting, a Oeste nada de novo...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Viktor Gyokeres

 

P.S. Força, meu capitão! As melhoras, Manuel Fernandes, e que no Marquês celebremos também a sua recuperação. 

once upon.jpg

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mensagens

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Siga-nos no Facebook

Castigo Máximo

Comentários recentes

  • Pedro Azevedo

    Faço votos para que o seu Natal e o dos seus seja ...

  • Miguel C

    Faço votos para que muitas almas leiam isto.E de b...

  • Pedro Azevedo

    Caro Vitor, é verdade que Coates possuía uma exper...

  • Vítor Hugo Vieira

    É raro as duplas (ou triplas) de centrais tão jove...

  • José da Xã

    O martinez percebe tanto de treinar táticas, jogad...