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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

24
Jan19

Tudo ao molho e fé em Deus - Brexit/Braxit


Pedro Azevedo

"You like potato, I like potahto

you like tomato, I like tomahto

potato, potahto, tomato, tomahto.

Let`s call the whole thing off" - Louis Armstrong

 

A decisão foi adiada o mais possível, mas finalmente terminou o impasse: Brexit ou Braxit, o Braga está fora da Taça da Liga. Aos bracarenses de nada lhes valeu um bíblico Abel, ou mesmo um Salvador, pois na hora da verdade quem passou à história foi Renan (um herói). 

 

Tive sentimentos mistos ao ler a constituição de equipa do Sporting. Por um lado, fiquei contente por ver que tínhamos reforçado o nosso PH (Raphinha e Luíz Phellype), por outro triste pelas ausências de Geraldes (banco) e de Jovane (bancada). Quem estudou química sabe que um maior PH aumenta a basicidade, de alguma forma aquilo que nos atraiu no jogo posicional ("keep it simple") de Keizer. Por relação simétrica, também diminui a acidez (nossa), mas não impede a de quem connosco interage, podendo até dar azia, algo que foi particularmente visível na "flash-interview" de Abel Ferreira, sempre useiro e vezeiro (e agora, não Peseiro) a destilar a sua bilis quando defronta o Sporting. É que por muito que se peça lucidez, no laboratório do futebol português nada se passa a temperatura e pressão constantes e, como veem, está tudo ligado...

 

Não desprezando que jogava em sua casa, na Pedreira - no final, o Abel e o Salvador fartaram-se de "partir pedra" -, a verdade é que durante os 90 minutos o Braga foi mais equipa. Logo a abrir, demasiado espaço entre as linhas defensiva e média leoninas permitiu à equipa liderada por Abel encontrar um homem solto de marcação (João Novais) à entrada da área e com tempo para mostrar a sua qualidade de passe. Do cruzamento resultaria o golo de Dyego Sousa. Ainda mal refeitos, os leões estiveram quase a sofrer outro golo de seguida. Valeu a mancha de Renan perante Wilson Eduardo. O Braga era mais intenso e os seus jogadores chegavam naturalmente primeiro à bola. Quando isso não acontecia, Manuel de Oliveira marcava falta contra o Sporting, como numa entrada de Bruno Viana a fazer lembrar aquela música do Psycho Killer, dos Talking Heads. Passou mais de um quarto de hora até finalmente os comandados de Keizer levantaram a cabeça. O protagonista foi Raphinha. O brasileiro tomou-lhe o gosto e voltou a ter uma soberana oportunidade após soberba assistência de Nani, mas falhou o chapéu a Marafona. Adivinhava-se o golo do Sporting, mas antes ainda tivemos o primeiro momento de excesso de zelo do jogo, quando o árbitro deixou seguir isolado para a baliza um jogador bracarense que já se encontrava em Guimarães no momento em que lhe passaram a bola. Bem sei que as regras mandam prosseguir os lances até posterior visionamento do VAR, mas um pouco de bom senso não fica mal a ninguém. Finalmente, os leões lograram empatar a partida. E de bola parada, após excelente cabeceamento de Coates, que correspondeu a um canto muito bem marcado por Acuña. Logo de seguida, o argentino falhou o segundo, naquela que foi a melhor jogada colectiva do Sporting no jogo e que envolveu a participação anterior de Bruno Fernandes e Nani.   

 

O segundo tempo começou como o primeiro, com um golo do Braga. Não se compreende bem como é possível anular um golo destes, pois o toque de Dyego Sousa em Acuña pareceu um lance natural no futebol. A verdade é que conseguimos sair vivos e, posteriormente, poderíamos ter matado o jogo, mas aí o árbitro, após visionar as imagens, não conseguiu ver um "penalty" claro para todos (menos para o comentador da SportTV, que disse que " se fosse em Inglaterra...") cometido sobre Coates. Enfim, a fita do costume da arbitragem portuguesa e a certeza de que Manuel Oliveira não terá certamente a longevidade na carreira do seu homónimo realizador cinematográfico, embora se queira fazer parecer que a culpa de tudo é do VARíssimo. Só falta mesmo este meter uma licença por tempo indeterminado... Quanto ao "se fosse em inglaterra...", aguardo com ansiedade o comentário deste senhor a um dos próximos jogos da Premier League, nomeadamente quando um guarda-redes saltar com um avançado adversário e o árbitro nada sancionar...

Para não variar, o Sporting continuou a ser um motor a diesel que foi melhorando com o tempo. Durante bastante tempo voltámos a ser antecipados nas disputas de bola e faltou energia nos duelos individuais. Ainda assim, de realçar uma cavalgada impressionante, costa-a-costa, de Wendel. Mas o Braga poderia ter marcado quando Raul Silva acertou no travessão. De seguida, um momento polémico: Goiano (já tinha um amarelo) estorvou faltosamente Bas Dost quando este iniciava um contra-ataque. Novo amarelo (e concomitante expulsão) por mostrar? Até ao final do jogo conseguimos ficar ligeiramente por cima, embora não o suficiente para fazermos a diferença. 

 

E lá fomos para penáltis. Já sabíamos que Marafona era um especialista e conseguiu defender as penalidades apontadas por Dost (o que se passa?) e Nani (que nunca foi grande marcador). O que desconhecíamos era que Renan ainda era melhor. O brasileiro defendeu por três vezes, negando o golo a Ricardo Horta, Murilo e Ricardo Ryller. Pelo meio, Paulinho e Coates haviam atirado à trave e ao poste, respectivamente. (Ambos os guarda-redes pareciam os únicos elementos sóbrios numa despedida de solteiro que tinha descambado numa bravata de penáltis.) Após a derradeira parada de Renan, pensou-se que o jogo tinha terminado, mas afinal estava a começar: Abel e Salvador logo tomaram conta dos microfones, mostrando a habitual indignação de quando perdem contra o Sporting. Curiosamente, tal nunca ocorre quando o contendor é o nosso vizinho da Segunda Circular, e até andam há mais de 10 anos para lhes bater o pé... O "sindicalista" Abel foi o primeiro a falar, num longo discurso sobre a precariedade laboral dos treinadores e jogadores de futebol face ao seguro emprego dos homens do apito. Depois, falou Salvador, que viu penáltis quase minuto-a-minuto e terminou com uma expressão deliciosa para justificar com indignação a razão pela qual Gudelj deveria ter sido expulso: "1 mais 1 deu 1, e não 2...". Pois, Salvador, eu sei, é chato e, ao mesmo tempo, é a sensação que todos nós, sportinguistas, temos quando o Braga defronta o Benfica. É que, certamente, para muito pesar e infelicidade do Braga, a coisa acaba quase sempre num "E Pluribus Unum"...

 

Nota final: Afinal, o senhor do "em Inglaterra" é um oráculo. É que ele já estava a ver o Brexit (ou Braxit) a desenrolar-se à volta dele...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Renan Ribeiro

renanribeiro.jpg

abel e salvador.jpg

4 comentários

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    Pedro Azevedo 24.01.2019

    Caro Luís Ferreira,

    muito obrigado!

    Foi mesmo o (Ricardo) Horta. Quem atirou à barra foi o Paulinho. Tem toda a razão em relação ao Dyego (vou corrigir). Isto do Dyego e do Phellype deve fazer-me inveja, logo eu que nem no nome nem no apeliido tenho a hipóteses de pôr um "y" (nem um "h" como os Matheus).

    No que diz respeito ao golo anulado, julgo que a alegada falta é um lance normal de futebol a meio-campo, em que por vezes os árbitros marcam falta, outras não. Anular uma jogada daquelas sem ser evidente a falta pareceu-me demais. Mas foi importante para nós, embora eu acredite que teríamos reagido e empatado de novo. Aliás, tivemos um penalty a favor que só o árbitro e o senhor de "Em Inglaterra..." não viram. O "de Inglaterra" deve ser um oráculo e já deveria estar a pensar no BREXIT, ou BRAXIT, ou lá o que é...

    Saudações Leoninas
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    Luis Ferreira 24.01.2019

    O senhor de Inglaterra julgi que era o Bino que até foi nosso jogador!
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    Pedro Azevedo 24.01.2019

    É verdade! O Bino que me desculpe, e isto nem é directamente para ele, mas o nosso comentário desportivo está cheio destas frases feitas a pensar em arranjar um determinado argumento. Hoje dizem "se fosse em Inglaterra...", amanhã dirão "isto não é Inglaterra...". Se queremos invocar os ingleses, então seria bom que os copiássemos naquilo que têm de melhor. Aplicado ao comentário desportivo, falo de isenção, urbanidade e sentido de humor. Vivi em Londres numa época excelente em termos de comentário desportivo. No futebol, Steve Hansen (ex-defesa do Liverpool) ainda reinava, mas começava a aparecer Gary Lineker. Na F1, era James Hunt e o seu sentido de humor extraordinário. Após a sua súbita morte, John Watson assegurou uma sucessão condigna.

    Precisamos de homens livres. No futebol como na vida. Com urgência.

    Saudações Leoninas
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