Tudo ao molho e fé em Deus - Ter ou não ter um ponta de lança
Pedro Azevedo
O fim de semana tinha começado bem. Com efeito, no andebol, o Sporting havia vencido confortavelmente um Benfica que quase 30 anos depois ainda não mostra sinais de ter recuperado do trauma da perda do angolano Vata, o mais marcante andebolista da sua história. Desta forma, terminaram o jogo com um(a) grande Carol(a). O Domingo também abriu da melhor maneira, com o triunfo do basquetebol no Dragão Caixa, 24 anos após o último clássico que a nossa equipa da bola ao cesto aí havia disputado, numa partida em que se produziu um oxímoro. É que quem acelerou mais o marcador foi um... Travante! (E Williams, como na F1...)
Embalados pelos êxitos das modalidades, os leões foram a jogo no futebol contra o Moreirense. O momento da equipa não era o melhor. Adicionalmente, em tempos dominados pelos "padres" uma visita de cónegos constitui sempre alguma apreensão. Ainda assim, atendendo à cotação do adversario, o meu prognóstico na antecâmara do jogo era moderadamente optimista. A coisa piorou quando vi que na frente do ataque estava um "avençado centro" (emprestado) com um estilo à "pintas" de lança. Susti a respiração. A inspiração parece ter contagiado Borja, o qual hoje conseguiu ir mais vezes à linha do que em toda a sua carreira por cá. E logo da primeira vez deu golo! Golo esse que viria a ser anulado por 14 cm, uma grande medida para um vídeo-árbitro, um mero detalhe para o John Holmes. Já se sabe que à menor adversidade a equipa desconjunta-se e assim voltou a acontecer. Bolasie e Jesé (por duas vezes) ainda visaram a baliza moreirense, mas seriam os cónegos a ter a melhor oportunidade da primeira parte quando Luther apareceu isolado mas não conseguiu desfeitear o Super Max da nossa Formação, em lance onde, parabolicamente falando, de uma costela de Neto os deuses do futebol fizeram um Coates.
Na etapa complementar a toada morna mantinha-se. Aqui e ali entrecortada pela classe individual dos nossos melhores jogadores, como quando Mathieu fez estrelar a bola no poste da baliza de Pasinato na conversão de um livre directo. Borja procurava centrar para a área, simplesmente a inferioridade numérica sportinguista na área do Moreirense era da razão de 1 para 5 pelo que as jogadas acabavam por não dar nada de relevante. Os minhotos ameaçaram, mas Max desviou com a luva para canto. Eis então que Silas decide jogar futebol com um ponta de lança a sério. E, se 14 cm fizeram toda a diferença, 6 minutos ainda o fizeram mais. Esse foi pelo menos o tempo que Luíz Phellype demorou a marcar, respondendo com uma forte e colocadíssima cabeçada (até parecia o Jardel...) a um cruzamento de Mathieu, um sub-37 que é uma das maiores promessas em Alvalade. Até ao fim o Sporting conseguiu controlar o jogo, com Bolasie muito dinâmico a arrancar a expulsão de Iago e a colocar assim o Sporting em vantagem também no número de jogadores em campo pese embora a entrada de Camacho.
Tenor "Tudo ao molho...": Jeremy Mathieu. Destaques pela positiva para Max, Bolasie e Luíz Phellype. Borja fez o seu melhor jogo de leão ao peito, mas peca por muitas vezes nos cruzamentos a bola ficar no primeiro homem da defesa contrária. Bruno, sempre esforçado, esteve abaixo do normal, Ristovski substituiu Rosier com vantagem para a equipa. Coates, que entrou para o lugar de Neto, não comprometeu. Os outros estiveram num plano inferior aos citados. Azar para Neto, com uma costela partida e perfuração do tórax. Rápidas melhoras para ele!